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CPI DOS BINGOS
Morte de Celso Daniel será investigada
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A CPI dos Bingos decidiu ontem
investigar se o prefeito de Santo
André (SP) Celso Daniel foi assassinado, em janeiro de 2002, porque revelaria suposto caixa dois
de campanha do PT. Segundo o
senador Romeu Tuma (PFL-SP),
que pediu a investigação, jogos
como bingo alimentaram caixa de
campanha eleitorais.
Os senadores aprovaram a convocação do irmão do prefeito,
João Francisco Daniel. Também
foram pedidas cópias do inquérito policial do assassinato e do processo de investigação do Ministério Público sobre corrupção na
Prefeitura de Santo André.
Tuma disse que a convocação
do irmão de Daniel é "para ele relatar como se formou o caixa
[dois] que o irmão ia denunciar e,
por isso, foi assassinado".
"Temos certeza de que não foi
só Marcos Valério que alimentou
os caixas de campanha eleitorais.
O jogo teve papel muito importante também", afirmou Tuma.
O presidente da CPI, Efraim
Morais (PFL-PB), disse ter certeza
que jogos alimentaram caixa dois.
Em requerimento aprovado ontem, Tuma afirma que o suposto
esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André inclui "também o deputado José Dirceu [PT-SP], ex-ministro da Casa Civil".
O Ministério Público afirma que
Celso Daniel foi morto porque sabia de esquema de corrupção na
prefeitura. O mandante seria o ex-segurança Sérgio Gomes da Silva.
João Francisco Daniel diz que o
suposto esquema alimentou campanhas do PT. Ele relata que Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, entregou R$ 1,2 milhão,
originado de cobrança de propina
de empresas, a José Dirceu, quando ele era presidente do PT. Dirceu e Carvalho negam a acusação.
Juíza
Por votação unânime, oito senadores presentes na sessão da CPI
decidiram convocar a juíza Maísa
Giudice e quebrar seus sigilos.
Em depoimento à CPI ontem,
Mário Haag, ex-vice-presidente
de Logística, em 2002, da Caixa
Econômica Federal, disse que a
juíza concedia sempre decisões
favoráveis à GTech, que opera loterias. Por determinação de Giudice, a Caixa não abriu licitação
para substituir contrato com a
GTech, que, para os senadores,
deu prejuízo aos cofres públicos.
O contrato, no valor mensal de
R$ 25 milhões, foi renovado, porém, no governo Lula, em abril de
2003. A CPI investiga suspeita de
corrupção no negócio.
Haag disse que uma das decisões judiciais, apresentada às
pressas pela GTech em uma reunião, foi escrita a mão pela juíza.
Titular da 17ª Vara Federal de
Brasília, Giudice está de licença
médica desde fevereiro de 2004. A
Justiça Federal informou não ter o
telefone de contato dela.
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