São Paulo, Quinta-feira, 19 de Agosto de 1999
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Presidente acusa MST de oportunista

WILSON SILVEIRA
da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso acusou ontem o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de lidar com questões sociais de forma "oportunista e impatriótica".
A afirmação é feita a pouco mais de uma semana da chegada a Brasília de marcha organizada pelos sem-terra (marcada para o próximo dia 26) e no momento em que o governo discute projeto de renegociação da dívida dos agricultores com a bancada ruralista, tradicional adversária do MST.
Sem citar nominalmente o MST ou a marcha, o presidente disse que "não cessam os movimentos para dar a ilusão de que a ação pública não se faz presente, de que, sem invasões descabidas, até mesmo ocupando terras produtivas, não haveria reforma agrária".
"Como se a reforma agrária não fosse um curso democrático da sociedade brasileira, que dispensa o atropelo dos direitos de propriedade daqueles que estão produzindo."
FHC fez essas afirmações ao discursar na solenidade de apresentação dos novos oficiais generais das Forças Armadas. Na última solenidade militar de que participou, no dia 21 de junho, o presidente também atacou o MST, dizendo que havia se transformado em agitação política, "sabe Deus com que propósito".
Líderes do MST que participaram de reunião ontem com o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) disseram ter estranhado a referência ao movimento feita por FHC. Segundo Jaime Amorim, líder do MST em Pernambuco, "antipatriota é ele (FHC), que tem privatizado e entregue o país". "Quem defende essa pátria somos nós. Quem está fazendo o povo passar fome é ele", disse.
O ministro-chefe da Casa Militar da Presidência, general Alberto Cardoso, disse que o alvo do discurso não era a marcha, mas as invasões de terras produtivas.


Colaborou ABNOR GONDIM, da Sucursal de Brasília

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