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Presidente
acusa MST de
oportunista
WILSON SILVEIRA
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso acusou ontem o
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de lidar
com questões sociais de forma
"oportunista e impatriótica".
A afirmação é feita a pouco mais
de uma semana da chegada a Brasília de marcha organizada pelos
sem-terra (marcada para o próximo dia 26) e no momento em que
o governo discute projeto de renegociação da dívida dos agricultores com a bancada ruralista, tradicional adversária do MST.
Sem citar nominalmente o MST
ou a marcha, o presidente disse
que "não cessam os movimentos
para dar a ilusão de que a ação pública não se faz presente, de que,
sem invasões descabidas, até mesmo ocupando terras produtivas,
não haveria reforma agrária".
"Como se a reforma agrária não
fosse um curso democrático da
sociedade brasileira, que dispensa
o atropelo dos direitos de propriedade daqueles que estão produzindo."
FHC fez essas afirmações ao discursar na solenidade de apresentação dos novos oficiais generais
das Forças Armadas. Na última
solenidade militar de que participou, no dia 21 de junho, o presidente também atacou o MST, dizendo que havia se transformado
em agitação política, "sabe Deus
com que propósito".
Líderes do MST que participaram de reunião ontem com o ministro Raul Jungmann (Política
Fundiária) disseram ter estranhado a referência ao movimento feita por FHC. Segundo Jaime Amorim, líder do MST em Pernambuco, "antipatriota é ele (FHC), que
tem privatizado e entregue o
país". "Quem defende essa pátria
somos nós. Quem está fazendo o
povo passar fome é ele", disse.
O ministro-chefe da Casa Militar da Presidência, general Alberto Cardoso, disse que o alvo do
discurso não era a marcha, mas as
invasões de terras produtivas.
Colaborou ABNOR GONDIM, da Sucursal de
Brasília
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