São Paulo, Quinta-feira, 19 de Agosto de 1999
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Manifestante quer voltar para casa

da Agência Folha, em Belo Horizonte

O sem-terra Edinaldo da Silva, 21, já decidiu que, assim que melhorar de saúde, quer retornar a Pernambuco, de onde se arrepende de ter saído para participar da "Marcha Popular pelo Brasil".
"Eu vou embora. Já falei que não aguento mais. O pernambucano não aguenta tanto frio e tanta doença. Estou com febre e dor no peito, e meus pés estão rachados", disse.
Ele foi levado anteontem para o alojamento de uma escola de formação sindical, na periferia de Belo Horizonte, depois de desmaiar duas vezes em um só dia durante a caminhada. Até as 15h de ontem, não havia aparecido nenhum médico para dizer o que ele tinha.
Segundo Edinaldo, os organizadores da marcha não avisaram que haveria tantas dificuldades durante a caminhada nem forneceram agasalhos para que os manifestantes se protegessem do frio. Ele contou que teve de pedir para uma mulher que assistia à passagem da marcha, perto da divisa entre Minas Gerais e o Rio, que conseguisse agasalhos.
No entanto, seu companheiro de alojamento, o goiano Ronaldo Francisco Costa, 17, o primeiro a apresentar pneumonia e afastado da marcha há dez dias, afirma que já está pronto para voltar a caminhar. "Eu vou nem que seja morto."
A sem-terra Elvira Alves dos Santos, 32, também diz que não quer voltar para o Mato Grosso do Sul, antes de chegar a Brasília, principalmente depois de esperar ontem por cinco horas para ser atendida em um posto de saúde da Prefeitura de Belo Horizonte.
"Nós vamos para Brasília para brigar também para que haja mais dinheiro para a saúde, para que ninguém precise esperar por atendimento médico como eu esperei", reclamou.


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