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PREVIDÊNCIA
Salário mais alto é prejudicado
Classe média perde
com as novas regras
GUSTAVO PATÚ
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
A classe média tende a ser prejudicada com as novas regras
propostas pelo governo para a
aposentadoria dos trabalhadores
do setor privado.
O caso mais claro é o de quem
tem salário igual ou superior a R$
1.255,32 mensais, o teto dos benefícios do INSS. Nessa categoria, só
é possível perder; não há ganho
em nenhuma hipótese.
Perderá, por exemplo, um trabalhador dessa faixa de renda que
começou a trabalhar aos 20 anos
e, portanto, pode se aposentar
aos 55 anos.
Hoje, esse homem teria direito
à aposentadoria máxima do
INSS. Com a nova regra, só receberia R$ 1.077,06 mensais se aposentando logo que possível.
Para receber o benefício a que
teria direito hoje, seria preciso
contribuir para o INSS por mais
dois anos. E, mesmo se aposentando depois dos 58 anos, não receberia nada a mais.
Ainda no mesmo exemplo, esse
trabalhador contribuirá com R$
138,08 mensais para o INSS. Se
depositasse essa mesma quantia
na caderneta de poupança por 37
anos, poderia se aposentar em
melhores condições.
Mesmo sem considerar o rendimento da TR (Taxa Referencial,
indexador da poupança), seria
possível economizar R$ 225,2
mil. Aplicando esse dinheiro a juros mensais de 1%, seria possível
fazer retiradas mensais de R$
2.252 sem mexer no valor principal depositado no banco.
Também pode haver perda para a classe média com a nova regra proposta para o período de
cálculo do benefício.
Hoje, o benefício equivale ao
salário médio dos últimos 36 meses, sempre respeitando o teto do
INSS. Essa regra beneficia os trabalhadores com maior escolaridade, que tipicamente ganham
mais no final da carreira.
Pelo que pretende o governo, o
cálculo passaria a levar em conta
a média dos salários desde julho
de 94, até o limite de 30 anos para
mulheres e 35 para homens.
No futuro, portanto, os salários
de início de carreira entrarão no
cálculo do benefício. Para os trabalhadores de baixa escolaridade,
a regra pode ser vantajosa, uma
vez que seus rendimentos tendem a cair com a idade.
A classe média, em especial a
com rendimentos mensais acima
de R$ 1.255,32, é francamente minoritária entre os segurados do
INSS. No entanto, é politicamente organizada e bem representada
no Congresso, que examinará as
medidas.
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