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CRISE ENTRE PODERES
Velloso ligou para FHC insatisfeito com veto à proposta de orçamento do tribunal para 2000
STF faz queixa sobre equipe econômica
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Carlos Velloso,
telefonou ontem de manhã para o
presidente Fernando Henrique
Cardoso para se queixar da área
econômica do governo, que não
aceita a proposta de orçamento
do tribunal para 2000.
Insatisfeito com as negociações,
Velloso disse a FHC que os técnicos do governo não poderiam impor o seu ponto de vista a um outro Poder, o Judiciário. O tribunal
reivindica um orçamento de R$
142,2 milhões, 26,7% maior do
que o deste ano.
O protesto do ministro foi feito
depois de uma reunião entre o secretário de Orçamento Federal,
Waldemar Giomi, e o diretor-geral do STF, José Geraldo Lana
Torres. Giomi alegou a prioridade
do ajuste fiscal para rejeitar a proposta do STF. Velloso não gostou.
A área econômica havia sugerido ao STF o limite máximo de R$
115,8 milhões, pouco superior aos
R$ 112,2 milhões aprovados para
1999. O tribunal afirma que precisa ampliar os gastos com informática (R$ 20,4 milhões) e com
compra de móveis e pequenas reformas (R$ 10,7 milhões).
O governo não pode modificar
a proposta orçamentária dos tribunais, mas habitualmente negocia alterações nos valores antes de
enviar o Orçamento ao Congresso. No ano passado, FHC fez um
apelo público à contenção dos
gastos por causa do ajuste fiscal.
Os ministros do STF então aprovaram um corte de R$ 21,9 milhões. O único voto contrário foi
de Marco Aurélio de Mello.
Agora, o STF quer uma compensação. Se forem aprovados os
R$ 142,2 milhões pretendidos, entretanto, o tribunal praticamente
dobrará os gastos em quatro
anos. Em 1997, o orçamento foi de
R$ 75,5 milhões.
Nesse período, foi construído
um novo prédio do STF, que quase triplicou a sua área física, e está
sendo implementado um plano
de cargos e salários dos servidores
do Judiciário da União, que implicará aumento médio de 56% até
janeiro de 2000.
O mal-estar entre o governo e o
STF ocorre no momento em que
o governo é pressionado por juízes e parlamentares a fixar o teto
salarial do funcionalismo em R$
12.720, admitindo excluir desse limite ajudas de custo e vantagens
pessoais -o que o torna sem efeito na prática.
O secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, recebeu o encargo de intermediar as
discussões sobre o orçamento do
STF, as quais, com a ligação de
ontem de Velloso, saíram do plano técnico para o político.
Com tantas frentes de atrito, o
governo quer evitar problemas
com o Judiciário.
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