São Paulo, Quinta-feira, 19 de Agosto de 1999
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GOVERNO
Crise deixou de ser econômica e tornou-se política, afirma governador de SP
Para Covas, FHC está com problemas

da Reportagem Local e

da Sucursal de Brasília

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), disse ontem que os problemas do governo federal hoje não são mais econômicos, mas políticos.
"Os problemas econômicos já foram superados. A crise cambial foi controlada, a economia está voltando a crescer e o desemprego está caindo. Os problemas enfrentados pelo governo agora são políticos", disse o governador.
Segundo Covas, as seguidas crises são as principais causas para a queda de popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso. O governador inclui entre esses "problemas políticos" a relação com a base aliada.
Covas voltou a atacar ontem o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Questionado sobre a possibilidade de haver "um dedo" de ACM na decisão dos líderes do Senado de não examinar dois pedidos de empréstimos de US$ 100 milhões do governo paulista, Covas disse: "Ele não costuma pôr só um dedo, mas colocar tudo". Depois ironizou: "Mas acho que ele não teria essa maldade".
Covas admitiu que a decisão do Senado pode ser considerada uma derrota política. "Não sei que crime eu cometi para ter que pagar esse preço", disse.
O governador e ACM vêm trocando farpas desde junho, quando ambos foram apontados como possíveis candidatos à sucessão de FHC, em 2002.
A reunião que barrou os empréstimos anteontem foi comandada pelo próprio ACM.
Os senadores acataram um parecer do Banco Central, que proíbe São Paulo de tomar os empréstimos porque já ultrapassou os limites de endividamento estabelecidos pela resolução 78/98.
Para o governador, a decisão é "absurda". "Os empréstimos foram aprovados pelo próprio Senado em 96, na renegociação da dívida paulista", disse.
Covas enviou ontem um relatório ao senador Pedro Piva (PSDB-SP) no qual alega que os US$ 100 milhões já estavam contabilizados no acordo de renegociação da dívida paulista com a União -portanto, já estariam incluídos nos limites de endividamento.
"Não admito que São Paulo não seja, pelo menos, julgado", disse Piva, ao se referir à hipótese de arquivamento dos pedidos. "Os projetos têm de ser votados."
Entre os aliados de Covas estão o ministro Pedro Malan e o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF).
Malan, assim como o governador, afirma que os empréstimos já estavam previstos na renegociação da dívida estadual. "A última palavra tem de ser do Ministério da Fazenda", disse Arruda.
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Ney Suassuna (PMDB-PB), colocou em dúvida o compromisso dos líderes: "Esta é uma Casa política".
Os empréstimos são do Banco Mundial e financiariam o Projeto Microbacias (US$ 55 milhões), de conservação de solo, e o Projeto Integrado de Transporte Urbano de São Paulo (US$ 45 milhões).

Previdência estadual
Ontem, líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), apresentou o projeto que permite a federalização das dívidas de todos os institutos previdenciários estaduais, estimada em R$ 20 bilhões.
A proposta foi divulgada após a aprovação da federalização da dívida de Santa Catarina com seu instituto, de R$ 514,9 milhões. O governo não quer que a ajuda se estenda a outros Estados, devido ao impacto nas contas públicas.


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