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IGREJA CATÓLICA
Cardeal renunciou a postos de chefia, mas continua no Vaticano
D. Lucas afirma que fica em Roma
DA REPORTAGEM LOCAL
O cardeal brasileiro Lucas Moreira Neves, 75, que renunciou no
último sábado a dois dos principais postos hierárquicos do Vaticano, reiterou ontem à Folha que
tomou a decisão por motivos de
saúde.
Tais razões também estão expressas em uma carta que mandou para d. Raymundo Damasceno Assis, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB).
Na correspondência, o cardeal
explica que, em agosto passado,
escreveu duas vezes ao papa João
Paulo 2º, manifestando o desejo
de renunciar. Dizia-se "seriamente doente pelas consequências do
diabetes e de uma recente insuficiência renal".
Desde 1998, d. Lucas era prefeito
da Congregação para os Bispos na
Santa Sé. Ele presidia, ainda, a
Pontifícia Comissão para a América Latina.
Apontado como um dos possíveis sucessores de João Paulo 2º,
tinha reuniões semanais com o
Santo Padre. A renúncia, porém,
deverá afastá-lo definitivamente
do papado.
Entre suas atribuições, estavam
a de indicar novos bispos para
dioceses de todo o mundo e a de
acompanhar o desempenho da
igreja latino-americana.
Na rápida entrevista que concedeu à Folha por telefone, de Roma, falou em voz baixa e com dificuldade.
Folha - Quais as razões que o levaram à renúncia?
D. Lucas Moreira Neves - Não tenho nada de novo a acrescentar.
Cheguei à idade de 75 anos e sofro
de diabetes. Por isso, julguei melhor que houvesse força nova na
Congregação para os Bispos.
Folha - Como o sr. avalia o período em que permaneceu à frente da
congregação? Setores progressistas da igreja costumam afirmar
que, durante sua gestão, aumentou a indicação de bispos conservadores para o Brasil.
D. Lucas - Limito-me a dizer que
foi uma experiência excelente.
Entreguei-me totalmente às minhas funções, sem reserva.
Folha - Certos analistas o apontavam como um dos possíveis sucessores do papa. O sr. chegou a considerar tal hipótese?
D. Lucas - Não, isso não passou
pela minha cabeça, nem pela de
ninguém.
Folha - Por que não passou se
muitos especialistas insistiam nessa possibilidade?
D. Lucas - Porque não passou.
Folha - Depois da renúncia, o sr.
pretende voltar para o Brasil?
D. Lucas - Não, agora não. Continuarei morando em Roma.
Folha - Fazendo o quê?
D. Lucas - Nada, nada. Tenho outros encargos no Vaticano, mas
não de chefia.
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