São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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NO AR

O bruxo e o tucano

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Antônio Lavareda, o bruxo das pesquisas eleitorais de FHC, entrou em cena outra vez para provar que José Serra ainda tem chance de chegar ao segundo turno.
Ao lado do próprio, ele foi o protagonista do encontro com os candidatos a senador e governador que apóiam ou dizem apoiar o tucano.
O bruxo dividiu os que votam em Lula em dois grandes grupos, um "rígido", outro "soft". É ao segundo grupo, de 6% a 10% do total de eleitores, que se dirige toda a carga antipetista da propaganda.
Não é nem caso de convencer o lulista "soft" a votar em Serra. Basta que ele não vote em Lula -e não se transfira inteiramente para Garotinho, que hoje é visto como uma ameaça maior do que Ciro.
Apesar dos sorrisos e aplausos nos telejornais, falou a quem não parecia muito disposto a ouvir. De tucanos favoritos em campanhas para governador a peemedebistas, as declarações se repetiam, contra a antipropaganda tucana.
Os que menos questionavam eram eles, os fiéis pefelistas. Que agora retornam às "photo-ops" de campanha, sorrateiramente -em outro lado.
 
Ciro está empatado em terceiro lugar, mas já sente o que é estar em quarto.
Ele vive o inferno que Garotinho enfrentou bem antes dele, para manter a candidatura diante do avanço do voto útil cantado pelos petistas. Em seu próprio site, lia-se em destaque a seguinte frase:
- Se você quer um candidato de oposição, sério, trabalhador e bem intencionado, tem duas opções: Ciro e Lula.
Era quase um aviso prévio aos ciristas, de que o voto útil em Lula vem aí.
Em seu estilo, Ciro logo sentiu o erro e fechou o dia com um ataque extremamente violento ao petista, chegando a insinuar que a eleição de Lula levaria ao "desgoverno".
 
Para quem falava em vencer no primeiro turno, o petista deve ter se surpreendido ontem com as inesperadas agressões feitas pelos "colegas de oposição", como descreve.
Garotinho, que se vê com chances, ele que não está longe de Serra, anunciou que vai perguntar a Lula no que, afinal, ele trabalha:
- Um presidente não pode chegar e dizer que há oito anos não trabalha.
Como observou Boris Casoy, sob fogo de três lados, é de esperar que não seja fácil para Lula seguir com quase metade do eleitorado.
 
José Eduardo Cardozo, na Jovem Pan, garantiu que não sai do PT -e perguntou quem anda espalhando.


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