São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Integrantes da Frente Trabalhista avaliam que tal decisão arruinaria partidos também nas chapas proporcionais

Renúncia seria "suicídio" de Ciro, dizem aliados

Jorge Araújo/Folha Imagem
Ciro Gomes durante encontro com sindicalistas em São Paulo


PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Aliados do candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, desmentiram ontem a nova onda de boatos sobre a renúncia do ex-governador e afirmaram que uma eventual desistência representaria seu "suicídio político".
Argumentam que a medida comprometeria a carreira política de Ciro, que, aos 44 anos, poderá concorrer a outros cargos se realmente não chegar ao segundo turno da disputa presidencial.
Avaliam ainda que, mais do que destruir sua própria candidatura, abrindo mão da eleição, o pepessista arruinaria também as chapas proporcionais de seu partido e das demais siglas a ele hoje coligadas -PDT e PTB.
Com isso, dizem, acabaria prejudicando a formação das bancadas no Congresso que poderão lhe dar maior poder até mesmo como um possível líder de oposição em caso de derrota.
"Melhor perder até o último instante. Caso contrário, haverá sempre uma suspeita [de que ele poderá renunciar] em todas as outras eleições ele que disputar", afirma um dirigente do PPS que prefere não ser identificado.
Líderes do PDT e do PFL cirista demonstraram a mesma opinião. "Renunciar seria uma vergonha. Para ajudar Lula a se eleger no primeiro turno, pior ainda. Seria um ludíbrio, seria lograr a intenção do eleitor", declarou um pefelista, sob a condição de manter-se no anonimato. "Temos de ir até o último dia e participar do segundo turno, declarando apoio ao Lula."

Imprevisibilidade
Embora alguns integrantes da Frente Trabalhista demonstrem desânimo a ponto de afirmarem acreditar na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno, outros descrevem a situação como "complicada", mas dizem ainda ver possibilidades de recuperação.
Apostam na imprevisibilidade da disputa até este momento e na certeza de que alguns institutos de pesquisa têm alterado os números reais de intenção de voto da população a favor da candidatura de José Serra (PSDB).
Citam também pesquisas internas que dariam a Ciro uma posição mais confortável do que a revelada pelos levantamentos publicamente divulgados.
Lideranças petebistas que confirmavam a existência de crescentes discussões sobre a renúncia na semana passada afirmaram hoje que essa possibilidade "não pode ocorrer em hipótese alguma".
Pessoas próximas ao candidato negam até mesmo que o assunto tenha sido mencionado e atribuem os constantes boatos sobre o tema a partidários da candidatura governista de Serra.



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