São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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SÃO PAULO

Circular da Diretoria de Ensino chamava para evento tucano; encontro foi cancelado e responsável por documento, exonerado

Professor é convocado para ato pró-Alckmin

MARCOS SERGIO SILVA
DO "AGORA"

Uma circular emitida na segunda-feira pela Diretoria de Ensino Região Leste 2 convidava professores para um encontro com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, e com o secretário da Educação, Gabriel Chalita, no sábado.
O episódio fez a coordenação tucana cancelar, ontem à noite, o ato, que seria organizado pelo núcleo de professores tucano e ocorreria na Praça da República.
O autor da nota, o dirigente regional de ensino Marcelo Albuquerque de Miranda, pediu exoneração ontem à tarde depois de falar com o secretário por telefone e admitir a autoria da circular.
O comunicado distribuído a professores da Região Leste 2, que inclui os bairros de São Miguel, Itaim Paulista e Lajeado, é identificado com o brasão do governo do Estado. Na nota, Miranda avisa que "haverá ônibus para o transporte e a distribuição de camisetas". O veículo sairia às 8h de sábado, da sede da Diretoria de Ensino. Ao final da circular, uma observação: poderão participar "parentes e amigos" e os participantes deverão trazer bandeiras.
A legislação eleitoral veta a utilização de materiais ou serviços custeados pelo Poder Executivo para finalidades eleitorais.
Ontem de manhã, o comunicado foi lido em uma reunião na escola estadual Lívio Xavier, em São Miguel, para discutir o currículo pedagógico. "Eles ofereceram folga de dois dias a quem participasse. E disseram que o Marcelo [o dirigente de ensino] afirmou que dez pessoas da escola deveriam ir de qualquer jeito", afirmou o educador João Luís Zafalão.
A secretaria negou a concessão de folgas. A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP) pretende entrar hoje com uma ação contra o Estado.
O caso não é o primeiro a envolver a campanha tucana e a Secretaria de Estado da Educação. Em agosto, a Folha revelou suposto uso de monitores de um programa terceirizado financiado pelo governo na campanha tucana.
Os servidores, à época, disseram estar sendo pressionados a participar de panfletagens para os tucanos sob pena de demissão.
Segundo o promotor José Roberto Sigolo, da Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo, o processo que apura o episódio ainda está em fase de apuração.
Dirigentes da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) já deram explicações sobre o caso e foi emitido um ofício para que o Detran informe a propriedade de um veículo utilizado na distribuição de materiais pelos monitores. Na próxima semana, os monitores que denunciaram o caso deverão ser convocados pelo TRE para prestar depoimento.



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