São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ELEIÇÕES NO PT

Para Plínio, eleição pode ser comprometida; concorrentes dizem que ações são pontuais e querem esperar apuração de denúncias

Candidatos divergem sobre as denúncias

FLÁVIA MANTOVANI
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em campanha por locais de votação da zona sul de São Paulo, onde a reportagem da Folha presenciou transporte de filiados que nem sequer sabiam do que se tratava na eleição, o candidato do Campo Majoritário, Ricardo Berzoini, disse que os casos eram uma distorção minoritária.
"Se houver pessoa sem consciência de sua relação de filiação com o partido, evidentemente, isso é muito ruim. Mas, se houver, é uma pequena distorção que não compromete. É exceção", disse.
Berzoini defendeu a apuração dos casos, mas disse que "excessos podem ocorrer em qualquer setor da vida pública ou privada."
O possível favorecimento a candidatos pode transformar a eleição interna do PT em uma guerra. As suspeitas mais fortes recaem sobre São Paulo, onde a votação deve mais que dobrar em relação à eleição passada, em 2001. Segundo estimativas do diretório paulistano, o número de eleitores pulou de 12 mil para 30 mil.
Muitos destes novos eleitores seriam ligados ao grupo da ex-prefeita Marta Suplicy, que despeja votos em Valter Pomar. Caso fique claro que Pomar vai ao o segundo turno graças a esses votos, a tensão deve aumentar.
Nos diretórios de Pirituba e M'Boi Mirim, haverá pedido de impugnação, pela Democracia Socialista; em Capela do Socorro, pela Ação Popular Socialista (APS). "Se for uma eleição comandada pela máquina, não será democrática e não há por que aceitar", afirmou Plínio de Arruda Sampaio, candidato da APS.
Para ele, as denúncias mostram que o Campo Majoritário "não aprendeu nada".
"Eles estão usando o mesmo método de curral eleitoral para conseguir uma maioria que depois não dá apoio às políticas do partido. Na outra eleição [de 2001], também teve transporte de eleitor e pagamento de atrasados", disse.
Pomar procurou minimizar os problemas. "Isso não constitui nenhuma surpresa. Em 2001, tivemos dezenas de problemas, mas, como havia uma candidatura favorita, a do Zé Dirceu, as denúncias não tiveram eco", conta.
Segundo ele, apesar de não ser "uma coisa desejável", na época não houve comprometimento do resultado da eleição. "A existência desses problemas tem que ser combatida, mas não significa que o processo inteiro está contaminado", afirmou Pomar, que, até o meio da tarde de ontem, disse ter sido informado de denúncias em Recife, Sergipe e Brasília, mas afirmou que só poderia ter uma dimensão após a formalização dos casos ao partido.
A candidata Maria do Rosário, do Movimento PT, também disse que só sabia de ações pontuais. "Do meu ponto de vista, o predominante não é isso, é a militância que está indo votar". Para ela, quem fez irregularidades na eleição age contra o PT. "É a hora de o partido demonstrar que seus procedimentos são democráticos."
Para Raul Pont, candidato da Democracia Socialista, é preciso verificar a importância das práticas irregulares no volume da eleição. "Todos os candidatos se comprometeram nos debates a não praticar nada que configurasse um coronelismo ou cabresteamento de voto", disse.


Colaboraram FABIO ZANINI e CONRADO CORSALETTE

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