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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ELEIÇÕES NO PT
Para Plínio, eleição pode ser comprometida; concorrentes dizem que ações são pontuais e querem esperar apuração de denúncias
Candidatos divergem sobre as denúncias
FLÁVIA MANTOVANI
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em campanha por locais de votação da zona sul de São Paulo,
onde a reportagem da Folha presenciou transporte de filiados que
nem sequer sabiam do que se tratava na eleição, o candidato do
Campo Majoritário, Ricardo Berzoini, disse que os casos eram
uma distorção minoritária.
"Se houver pessoa sem consciência de sua relação de filiação
com o partido, evidentemente, isso é muito ruim. Mas, se houver, é
uma pequena distorção que não
compromete. É exceção", disse.
Berzoini defendeu a apuração
dos casos, mas disse que "excessos podem ocorrer em qualquer
setor da vida pública ou privada."
O possível favorecimento a candidatos pode transformar a eleição interna do PT em uma guerra.
As suspeitas mais fortes recaem
sobre São Paulo, onde a votação
deve mais que dobrar em relação
à eleição passada, em 2001. Segundo estimativas do diretório
paulistano, o número de eleitores
pulou de 12 mil para 30 mil.
Muitos destes novos eleitores
seriam ligados ao grupo da ex-prefeita Marta Suplicy, que despeja votos em Valter Pomar. Caso fique claro que Pomar vai ao o segundo turno graças a esses votos,
a tensão deve aumentar.
Nos diretórios de Pirituba e
M'Boi Mirim, haverá pedido de
impugnação, pela Democracia
Socialista; em Capela do Socorro,
pela Ação Popular Socialista
(APS). "Se for uma eleição comandada pela máquina, não será
democrática e não há por que
aceitar", afirmou Plínio de Arruda Sampaio, candidato da APS.
Para ele, as denúncias mostram
que o Campo Majoritário "não
aprendeu nada".
"Eles estão usando o mesmo
método de curral eleitoral para
conseguir uma maioria que depois não dá apoio às políticas do
partido. Na outra eleição [de
2001], também teve transporte de
eleitor e pagamento de atrasados", disse.
Pomar procurou minimizar os
problemas. "Isso não constitui
nenhuma surpresa. Em 2001, tivemos dezenas de problemas, mas,
como havia uma candidatura favorita, a do Zé Dirceu, as denúncias não tiveram eco", conta.
Segundo ele, apesar de não ser
"uma coisa desejável", na época
não houve comprometimento do
resultado da eleição. "A existência
desses problemas tem que ser
combatida, mas não significa que
o processo inteiro está contaminado", afirmou Pomar, que, até o
meio da tarde de ontem, disse ter
sido informado de denúncias em
Recife, Sergipe e Brasília, mas afirmou que só poderia ter uma dimensão após a formalização dos
casos ao partido.
A candidata Maria do Rosário,
do Movimento PT, também disse
que só sabia de ações pontuais.
"Do meu ponto de vista, o predominante não é isso, é a militância
que está indo votar". Para ela,
quem fez irregularidades na eleição age contra o PT. "É a hora de o
partido demonstrar que seus procedimentos são democráticos."
Para Raul Pont, candidato da
Democracia Socialista, é preciso
verificar a importância das práticas irregulares no volume da eleição. "Todos os candidatos se
comprometeram nos debates a
não praticar nada que configurasse um coronelismo ou cabresteamento de voto", disse.
Colaboraram FABIO ZANINI e CONRADO
CORSALETTE
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