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"Lula pensa que começou tudo na história", diz FHC
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Em visita à Argentina, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) levantou dúvidas sobre a eficácia da estratégia de campanha do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
que enumera feitos de seu governo, e afirmou que a opinião
pública é "volátil" e vota com
base na "conversa" do candidato, na confiança, e não porque
"fez ou não fez tal ponte".
"Lula tem essa obsessão: "fiz
mais em quatro anos do que ele
[FHC]". Mas esquece tudo o
que não fez e que eu posso ter
feito. Não é por isso que [o povo] vota", declarou FHC ontem. "O governo Lula pensa
que começou tudo na história."
Questionado sobre que conselhos tem dado ao candidato
de seu partido, Geraldo Alckmin, para diminuir a diferença
com relação ao petista mostrada nas pesquisas, respondeu:
"Não dou conselho a ninguém".
Em seguida, preferiu esclarecer que isso não significa que
ele não ajude Alckmin.
"Estou ajudando profundamente, mas a maneira de ajudar é não dar conselho. Cada
um tem de ser o que é", declarou o ex-presidente.
O tucano emendou, então,
um conselho aos dois candidatos. "O fundamental [na campanha] é que você fale com o
país. Tem de conversar com o
país. [Dizer] eu acho isso, quero
fazer isso. É uma longa conversa, e a conversa do Geraldo é
mais recente que a do Lula. O
Lula tem mais gente que já o
conhece, que já gostou da conversa dele. Geraldo tem mais
dificuldades por isso, porque é
mais novo", ressaltou.
E completou: "O que o eleitorado quer é sentir o outro [candidato]. No fundo, é isso. Vou
votar nesse por quê? Eu confio
nele. Não é tanto porque vai fazer mais escola."
Ele disse que segue "otimista", apesar do aumento da diferença entre os candidatos registrado pelo Datafolha. "As
pesquisas têm sido muito variáveis, a opinião pública no
Brasil é muito volátil. Como
não existem partidos que conduzam a opinião pública, ela
flutua muito", disse.
"Eleição só se define no dia.
Você se lembra do que aconteceu na Espanha. O [José Maria]
Aznar tinha ganho. O presidente Lula não tinha passado para
o segundo turno."
"Com o Collor, não?"
Sobre o fato de Lula ter comparado a resistência que diz sofrer das elites com a enfrentada
pelos presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e
João Goulart, FHC ironizou,
sugerindo que Lula precisa
continuar a fazer comparações.
"[Não se compara] ao Jânio
[Quadros], não? E ao Collor,
não? Só depende de tempo."
O ex-presidente defendeu as
privatizações feitas em seu governo e sugeriu a privatização
do Instituto de Resseguros do
Brasil. Também voltou a acusar
o governo de fazer "demagogia"
com o tema. Segundo ele, porém, trata-se de outra estratégia sem efeito. "O povo não está
nem aí nessas questões."
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