São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Presidente eleito e Fernando Henrique já teriam acordado procedimentos para indicação do novo Banco Central

BC de Lula deve ser sabatinado em dezembro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A tendência do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, é indicar até a primeira quinzena de dezembro a diretoria do Banco Central para que ela possa ser sabatinada pelo Senado ainda este ano e assumir em janeiro.
Já haveria para isso um entendimento entre o presidente eleito e o presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem depende o encaminhamento ao Senado da nova diretoria do BC. A hipótese de Lula manter Armínio Fraga à frente do BC por algum tempo é cada vez mais remota.
O presidente eleito também deve nomear Antônio Palocci Filho, seu primeiro nome certo no governo, para a Fazenda. Deve também escolher o Palácio da Alvorada como moradia fixa.
O atual presidente deixou claro para Lula que, se ele quiser, faz as indicações de toda a diretoria do BC. Nos próximos dias, depois de definir seu futuro ministro da Fazenda, Lula baterá o martelo sobre o Banco Central.
A decisão sobre a Fazenda e a Casa Civil desencadeará a escolha dos outros nomes do ministério. Aloizio Mercadante, deputado federal e senador eleito, é cotado para o posto, mas já disse a Lula em conversas reservadas que prefere ir mesmo para o Congresso em 2003. Provavelmente, será líder do governo no Senado.
Sem Mercadante, cresce muito a possibilidade de Palocci ser o ministro da Fazenda. Chefe da equipe de transição e ex-coordenador do programa de governo de Lula, Palocci, que renunciará amanhã à Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), conquistou boa interlocução com o empresariado, o mercado financeiro e a equipe econômica de FHC.
FHC, por exemplo, é um dos que dão como certa a ida de Palocci para a Fazenda. Palocci, inclusive, recebe hoje a missão do FMI que está no país para uma das rodadas de revisão do acordo assinado em agosto. Os contatos com o FMI costumam ser liderados pelo ministro da Fazenda.
Na área política, o nome mais forte é o de José Dirceu, presidente do PT. Ele deverá comandar a Casa Civil, formando com Palocci a cúpula do "núcleo duro" de governo que Lula pretende montar. Leia-se: ter petistas de sua confiança nesses dois postos, que, juntos com a Secretaria Geral da Presidência e o Ministério do Planejamento, formariam o chamado "núcleo duro".
Se não for para a Fazenda, hipótese cada vez menor, Palocci será ministro do Planejamento. Para a Secretaria Geral, estão cotados Luiz Gushiken, um dos mais influentes colaboradores de Lula, e José Genoino, deputado federal que perdeu a eleição no segundo turno para o governo paulista.
Genoino ainda está cotado para a Justiça ou a prometida Secretaria de Segurança Pública, que teria status de ministério, seria subordinada à Presidência e ainda absorveria a Polícia Federal e a Secretaria Nacional Antidrogas.

Palácio da Alvorada
O presidente eleito também já tem uma tendência a respeito de um assunto que parece prosaico: onde vai morar. Depois de passar o final de semana na Granja do Torto, a fim de testar a possibilidade de ter a residência de campo da Presidência como moradia oficial, Lula mostrou inclinação pelo Palácio da Alvorada.
Essa foi a impressão que Lula deixou no jantar de anteontem com FHC e sua mulher, Ruth Cardoso. Marisa, mulher de Lula, visitou a ala residencial do Alvorada e gostou. Será ela, segundo o presidente eleito, quem decidirá onde o casal vai morar a partir de janeiro do ano que vem.


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