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TRANSIÇÃO
Indefinição do ministério de Lula obriga partido a mudar para dezembro escolha do sucessor de José Dirceu
Governo faz PT adiar eleição de presidente
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A indefinição do ministério do
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, levou o PT a adiar para a
primeira semana de dezembro a
reunião que escolherá o novo presidente do partido.
O PT havia convocado para o
próximo fim de semana reunião
do Diretório Nacional que escolheria o novo presidente da legenda. Mas, como Lula não definiu
totalmente quem do PT integrará
o primeiro escalão de seu governo, a solução foi postergar a reunião para os dias 7 e 8 de dezembro, quando o presidente eleito
deve ter a lista concluída.
O artigo 26 da Lei Orgânica dos
Partidos impede o exercício de
funções executivas nos diretórios
partidários por presidente, vice-presidente, ministros de Estado,
governadores, vice-governadores, secretários estaduais, prefeitos e vice-prefeitos.
O atual presidente nacional do
PT, José Dirceu, que deve integrar
o ministério de Lula, terá de se
afastar do posto. O mesmo teria
de ocorrer, caso opte por ser o novo presidente da Câmara. Seu
substituto tem de ser alguém do
partido que não fará parte do novo governo nem participe de administrações petistas estaduais e
municipais.
Os nomes mais cotados são os
do deputado José Genoino e do
secretário-geral do partido, Luiz
Dulci. O problema é que a condução de um dos dois significaria
que o escolhido estaria fora do governo. O partido preferiu esperar
a definição de Lula para depois
cuidar da sucessão interna.
Genoino está cotado entre os
petistas ou para assumir o Ministério da Defesa ou a futura secretaria que cuidará da segurança
pública e será subordinada diretamente ao presidente. Parlamentar
cujo mandato se encerra em fevereiro, Genoino tem demonstrado
preferência pela Defesa. É o principal interlocutor dos petistas
com os militares.
Dulci faz parte da cúpula da articulação política de Lula, ao lado
de Dirceu e Antônio Palocci Filho,
coordenador da equipe de transição. É citado como uma dos possíveis integrantes da chamada
"equipe palaciana", ou seja,
atuando próximo ao gabinete
presidencial. Como não tem cargo nem mandato, poderia exercer
a presidência nacional do PT, desde que não fosse incluído na equipe de governo.
Lula já manifestou sua preocupação com os destinos do PT.
Quer na condução da legenda um
nome politicamente forte e que dê
continuidade à política, na visão
do eleito bem-sucedida, do deputado José Dirceu.
O presidente eleito atribui à forma com que Dirceu conduziu o
partido uma das razões que viabilizaram sua eleição. Reeleito por
três vezes consecutivas como presidente do PT, a última delas por
meio de voto direto dos filiados,
Dirceu isolou as tendências mais
radicais do PT e facilitou a obtenção da hegemonia interna da corrente Articulação, de linha moderada. Assim pôde fazer alianças
políticas à direita e ao centro e elaborar um programa de governo
para Lula mais pragmático e realista que em outras eleições.
Lula teme que, se o partido errar
na escolha do substituto, possa
perder-se em discussões internas
e fragilizar o seu próprio governo.
José Genoino era o primeiro vice-presidente do partido até candidatar-se ao governo de São Paulo. Pediu afastamento para disputar a eleição. O estatuto do PT não
é claro no caso de substituição do
presidente eleito diretamente. O
secretário-geral Luiz Dulci é hoje
na prática o número dois de Dirceu, mas também não tem ascensão garantida.
O secretário de Organização do
PT, Silvio Pereira, é atualmente
quem administra o partido, já que
Dirceu e Dulci estão mais diretamente ligados à formação de governo.
Caberá ao Diretório Nacional
eleger o novo presidente, que será
da tendência moderada hegemônica, a Articulação.
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