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FHC foi acionado afirma Mercadante
da Sucursal de Brasília
O deputado eleito Aloizio Mercadante (PT-SP) disse ontem que o
presidente Fernando Henrique
Cardoso foi acionado pelo presidente do BNDES, André Lara Resende, em uma suposta operação
para ajudar o banco Opportunity a
vencer o leilão de privatização da
Tele Norte Leste.
Segundo Mercadante, a conversa
entre os dois foi gravada clandestinamente e está nas fitas a que o governo teve acesso.
Na gravação, Lara Resende teria
pedido a interferência de FHC para
retirar a Previ (fundo de pensão
dos funcionários do Banco do Brasil) do consórcio Telemar, concorrente do Opportunity. Sem a Previ,
o Telemar perderia a disputa.
Mercadante disse que não ouviu
as fitas nem teve acesso a uma
transcrição das conversas. Segundo ele, o conteúdo foi revelado por
uma fonte que prefere permanecer
no anonimato.
A nova denúncia sobre as gravações é feita num momento que a
oposição enfrenta dificuldades na
tentativa de abrir uma CPI para investigar as privatizações.
Até o início da noite, haviam sido
colhidas 16 assinaturas das 27 necessárias para solicitar a abertura
da CPI. Na Câmara, a oposição havia reunido 81 das 171 assinaturas
necessárias.
Segundo Mercadante, na conversa com FHC, Lara Resende teria
ressaltado a importância de o consórcio vencedor ter uma operadora estrangeira de telefonia -condição não atendida pelo Telemar.
Ele teria dito ainda que "os portugueses" estariam interessados em
entrar na disputa.
"O governo feriu os princípios de
uma licitação pública. Onde é que
está escrito que haveria necessidade de uma operadora estrangeira?
Não está na lei nem no edital de
privatização", afirmou.
De acordo com o relato de Mercadante, o presidente do BNDES
teria telefonado para FHC depois
de conversar com Pérsio Arida, sócio do Opportunity.
Nessa conversa, Lara Resende
afirma que poderia "detonar a
bomba atômica" (referência a
FHC) para evitar a vitória do Telemar. "A bomba atômica foi detonada. Eles tentaram envolver o
presidente, pedindo a intervenção
dele a favor de um consórcio (o do
Opportunity)", disse Mercadante.
Segundo o deputado eleito, não
há dados que demonstrem se FHC
procurou ou não intervir no processo. "Aparentemente, não conseguiram fazer a operação que
queriam", afirmou.
²
Presidência
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou ontem que o
FHC "nunca falou com a Previ sobre a questão da privatização" e
que tampouco o presidente recebeu as fitas com as gravações telefônicas, "antes ou depois (da revelação do grampo)".
Amaral buscou descaracterizar o
interesse do governo pelo conteúdo das fitas, como forma de desarmar os ânimos da oposição no
Congresso. "A questão central dessa gravação, para o presidente, é a
violação da lei que proíbe gravações clandestinas. Essa é uma
questão de polícia porque a gravação é ilegal."
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