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INVESTIGAÇÃO
Procurador-geral da República descarta autenticidade de documentos que comprovariam conta nas Ilhas Cayman
Brindeiro diz que "dossiê Caribe" é falso
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O procurador-geral da República, Geraldo
Brindeiro, descartou ontem
por completo a
possibilidade de
comprovação
da autenticidade dos papéis relativos ao "dossiê Caribe" e da existência da suposta conta bancária
da cúpula tucana nas Ilhas Cayman.
A perícia técnica oficial sobre a
veracidade dos papéis ainda não
foi concluída. Brindeiro referiu-se
a perícias extra-oficiais. "Verificaram-se falsificações grosseiras."
"A essa altura, acho que ninguém
tem dúvida ainda sobre a falsidade", disse.
"Quem olhou os papéis não pode
chamá-los de documentos." Para o
procurador-geral da República,
essa questão "parece óbvia".
²
"Criminoso de boa-fé"
Brindeiro rejeitou raciocínio segundo o qual alguém teria falsificado os papéis para provocar a investigação sobre um fato verdadeiro.
"Então seria um criminoso de
boa-fé? Será que isso tem sentido,
meu Deus do céu? Precisava cometer tantos crimes para pedir uma
investigação?", perguntou.
Segundo ele, os inquéritos da Polícia Federal sobre o "dossiê Caribe" e as gravações de conversas telefônicas do ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de
Barros, devem ter a finalidade de
"identificar o falsificador (dos papéis) e o autor do grampo".
Brindeiro afirmou que deverá
designar o procurador do Distrito
Federal Luiz Augusto Lima, que
atua na área criminal, para acompanhar o inquérito da PF sobre os
papéis relativos à suposta conta
bancária em nome do presidente
Fernando Henrique Cardoso, do
governador de São Paulo, Mário
Covas, e dos ministros José Serra
(Saúde) e Sérgio Motta (Comunicações), este morto em abril.
Todos os titulares da suposta
conta são da alta cúpula do PSDB.
Na semana passada, o ministro-chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, enviou para ele os
papéis sobre o "dossiê Caribe".
Em relação ao "grampo" na sede
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio de Janeiro, Brindeiro
disse que o procurador de direitos
do cidadão no Estado, Daniel Sarmento, poderá abrir inquérito civil
público para apurar a segurança
do sistema da Telerj contra escuta
telefônica ilegal.
"Se até o presidente da República
é vulnerável, imagine o cidadão do
Rio de Janeiro." Ele reafirmou o
entendimento de que provas obtidas a partir de "grampo" não têm
validade judicial.
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