São Paulo, quinta, 19 de novembro de 1998

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ACM critica diretor da PF no Senado

da Sucursal de Brasília

Se depender do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), os senadores envolvidos no episódio do dossiê Caribe não prestarão depoimento à Polícia Federal. Na sessão de ontem, ACM fez uma veemente defesa da imunidade dos senadores e lançou farpas contra o diretor-geral da PF, Vicente Chelotti.
"Se o senhor Chelotti ousar chamar vossa excelência ou qualquer outro senador, ele não terá êxito, pois esta Casa não permitirá", disse ACM, em resposta a pronunciamento do senador Djalma Falcão (PMDB-AL).
Falcão protestou contra a possibilidade de ser chamado para uma acareação com o ex-presidente Fernando Collor de Mello. "Senhor presidente, não sou um delinquente. Não sou um marginal. Não posso ser tratado dessa maneira por um subordinado do ministro da Justiça. Ele (Chelotti) não tem autoridade para me convidar para acareações", disse Falcão.
"A palavra de vossa excelência, como a de qualquer senador, é inviolável, e qualquer deslize de autoridade em relação à imunidade parlamentar encontrará em mim um defensor obrigatório", afirmou ACM.
Demonstrando irritação, ACM disse que Chelotti "não dará nenhum palpite" em relação ao funcionamento da Casa. "Somos independentes e, enquanto eu estiver aqui, o senhor Chelotti não dá uma palavra que possa receber apoio, no sentido de ouvir senadores."
Há alguns dias, o senador alagoano relatou ter sido procurado por Collor para que denunciasse da tribuna do Senado a suposta existência em paraíso fiscal de uma empresa que seria do presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador de São Paulo, Mário Covas, do ministro José Serra (Saúde) e de Sérgio Motta, ministro das Comunicações morto em abril.
"Quero afiançar a vossa excelência que, tantas vezes seja chamado pelos Chelottis da vida, a esses chamamentos não atenderei", afirmou o senador alagoano, que é suplente do ministro da Justiça, Renan Calheiros.
Para evitar atritos, a PF irá tomar depoimentos apenas de pessoas sem mandato eleitoral na primeira etapa do inquérito instaurado sobre os papéis sem autenticidade comprovada que apontam autoridades ligadas ao PSDB como sócias de empresa registrada em paraíso fiscal do Caribe.
A assessoria da PF afirmou que os parlamentares serão convidados posteriormente a prestar esclarecimentos. Por enquanto, segundo a assessoria, não há intenção de fazer acareações entre os parlamentares e os demais envolvidos.
De acordo com esse critério, o delegado Paulo de Tarso Teixeira, responsável pelo inquérito, deverá ouvir inicialmente em São Paulo o ex-prefeito Paulo Maluf e o norte-americano Blair Alden, diretor da Hidrobrasileira, cujo nome aparece nos papéis.



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