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ESTRADAS
Sindicato de empresas de SP de construção suspeita de troca de critérios para favorecer grandes empreiteiras
SindusCon impugna editais de rodovias
FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local
O SindusCon-SP, que reúne empresas paulistas de construção,
impugnou dois editais de concorrências para concessões rodoviárias federais, diante da suspeita de
mudanças de critérios para favorecer grandes empreiteiras.
O sindicato enviou ofícios ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso e ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, no último
dia 10, e deve protocolar, ainda hoje, denúncia junto ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), alegando violação da Lei
de Defesa da Concorrência.
As queixas referem-se a mudanças de critérios que, segundo o sindicato, "estão cerceando a ampla
participação das empresas" em licitações do DNER (Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem). As queixas envolvem onze
licitações para obras e concessões
da exploração de trechos de rodovias federais.
A assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes informou
que o órgão decidira adiar "sine
die" (sem fixar data) as licitações.
As impugnações atingem os dois
lotes considerados de maior interesse das empresas, os trechos ligando São Paulo a Curitiba (BR-116) e Curitiba e Florianópolis
(BR-116, BR-376 e BR-101).
"A primeira irregularidade é que
os referidos editais permitem mas
inviabilizam a formação de consórcios", afirma Sérgio Porto, presidente do Sinduscon-SP, nos ofícios enviados ao governo federal.
As principais alterações foram a
ampliação de exigências para avaliar a capacidade econômico-financeira das empresas e a introdução de um critério de proporcionalidade pelo qual os consórcios podem ser excluídos, ainda que cada
participante tenha patrimônio suficiente para disputar isoladamente a concorrência.
"Da forma como o edital foi concebido, sempre que houver a constituição de consórcios, necessariamente deverá ser admitida uma
empresa com patrimônio líquido
elevadíssimo, muito superior às
demais, como líder desse consórcio", afirma Porto, ao Cade.
Segundo o edital nē 595, anteriormente com outro número de
identificação, divulgado em março, referente ao trecho da rodovia
Régis Bittencourt, o patrimônio
exigido para participação isolada
era de R$ 219 milhões e, para participação em consórcio, R$ 285 milhões. Em outubro, novo edital estabelecia o aumento desses valores
para, respectivamente, R$ 300 milhões e R$ 390 milhões.
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Decisão adiada
A assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes informou, ontem à noite, que o DNER,
por intermédio da Divisão de Cadastro e Licitações, estava adiando
"sine die" os editais de números
587 a 599.
O ato, publicado ontem no "Diário Oficial da União" como "Aviso
de Adiamento de Concorrência Internacional, foi assinado pelo diretor da divisão, Valter Tenenbaum.
A nota oficial não explica os motivos do adiamento. Segundo a assessoria, esses certames serão
"reavaliados por vários motivos".
A explicação para o adiamento é
a "necessidade de readequar essas
contratações à nova realidade econômica". Segundo a assessoria, o
ministério deverá operar com um
orçamento menor, o que deverá
influenciar a definição das tarifas.
Segundo levantamento informal
do SindusCon-SP, pelos novos critérios apenas nove grandes empreiteiras poderiam participar isoladamente das licitações.
Consultada pela Folha, a Andrade Gutierrez confirmou o seu interesse em disputar essas obras e
concessões. A empresa, contudo,
não quis comentar as impugnações. A Folha não conseguiu ouvir
outras empresas do setor.
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