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GOVERNO
Carlos de Almeida Baptista substitui Walter Bräuer, afastado; Alto Comando tentou resistir à indicação
Presidente do STM assume Aeronáutica
WILLIAM FRANÇA
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
Quatro brigadeiros do Alto Comando da Aeronáutica ameaçaram passar para a reserva em reação ao convite feito ao presidente
do STM (Superior Tribunal Militar), Carlos de Almeida Baptista,
para o comando da Aeronáutica.
Baptista é brigadeiro de quatro
estrelas, está no topo da hierarquia da Aeronáutica, mas não integra o Alto Comando. Ele foi
chamado a Brasília anteontem à
noite e aceitou o convite no momento em que o comandante demitido, Walter Werner Bräuer, se
reunia com quatro outros brigadeiros do Alto Comando.
Dessa reunião surgiu a ameaça
-um gesto de desagravo a
Bräuer e uma manifestação reiterada de descontentamento com o
chefe Elcio Alvares, ministro da
Defesa, que não os consultou.
No Alto Comando, o brigadeiro
Marcus Herndl, chefe do Estado
Maior da Aeronáutica, era tido
como sucessor natural de Bräuer.
Anteontem à noite, ao deixar a
reunião no prédio do Comando
da Aeronáutica, disse: ""Não vou
substituir ninguém".
Além de Bräuer e Herndl, reuniram-se na noite da demissão do
comandante da Aeronáutica os
brigadeiros Henrique Marini e
Souza, do Comando Geral do Ar;
José Marconi de Almeida Santos,
do departamento de pesquisas e
desenvolvimento, e Osires Castilho, do Comando Geral de Pessoal. Durante o encontro, houve
críticas ao comportamento do
ministro da Defesa.
O mesmo grupo voltou a se reunir ontem cedo, em trajes civis. A
reunião terminou ao meio-dia.
Faltaram três outros brigadeiros
que integram o Alto Comando da
Aeronáutica e que moram no Rio.
""Não tenho nada a declarar",
resumiu o brigadeiro Castilho, esquivando-se de perguntas sobre a
possibilidade de reagirem à substituição: ""Não sei qual é o propósito desta pergunta".
A opção do governo já estava
para ser oficializada. Pouco depois de anunciar a demissão de
Bräuer, o ministro Elcio Alvares
convocara Carlos de Almeida
Baptista, que estava no Rio.
Por telefone, fez a primeira sondagem. A nomeação seria tornada oficial depois do encontro de
Baptista e Alvares com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio da Alvorada.
Embora preservasse o critério
da antiguidade na Força, a opção
do governo escapou de colocar no
comando da Aeronáutica um brigadeiro afinadíssimo a Walter
Bräuer, demitido na véspera por
divergir publicamente de seu superior hierárquico, o ministro da
Defesa. A demissão foi determinada por FHC.
Perfil
Baptista tem 67 anos e é o brigadeiro mais antigo na Aeronáutica
depois de Bräuer. Ele está na ativa
e pertence ao quadro especial. Em
1994, passou a ocupar uma vaga
no STM, tribunal que preside desde março deste ano.
Baptista e Alvares chegaram ao
Alvorada pouco antes das 11h, o
futuro comandante ao volante de
seu carro, um modelo popular. A
reunião não havia terminado até
o fechamento desta edição.
As demissões de Bräuer e
-principalmente- de Solange
Rezende Antunes, assessora especial, deram sobrevida a Elcio Alvares no Ministério da Defesa,
mas não significam o fim de seus
problemas no cargo criado por
FHC no final de seu primeiro
mandato (leia quadro ao lado).
Solange Antunes teve seus sigilos bancário, fiscal e telefônico
quebrados por decisão da CPI do
Narcotráfico, que suspeita que a
assessora de Alvares tenha defendido pessoas ligadas ao crime organizado no Espírito Santo.
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