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GOVERNO
Permanência depende de investigação da CPI
Saída de Alvares
não está descartada
JOSIAS DE SOUZA
Secretário de Redação
RUI NOGUEIRA
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
Fernando Henrique Cardoso
ainda trabalha com a hipótese de
vir a ter de demitir o ministro da
Defesa, Elcio Alvares. O presidente condiciona a permanência do
auxiliar aos desdobramentos da
investigação que a CPI do Narcotráfico realiza no Espírito Santo,
Estado do ministro.
Em público, Elcio Alvares tenta
fazer crer que a troca de comando
na Aeronáutica pôs fim à crise.
Mas o caso é tratado no Palácio
do Planalto como um assunto inconcluso.
A Folha ouviu ontem na Presidência uma expressão que resume bem a situação de Elcio Alvares. O ministro ainda pode ser vítima do "efeito mulher de César",
disse, sob reserva, um auxiliar de
FHC.
Trata-se de uma referência à
máxima segunda a qual à mulher
de César não basta ser honesta;
ela precisa também parecer honesta. Ou seja, ainda que a CPI
envolva o ministro da Defesa apenas numa nuvem de suspeita, a
conjuntura política pode exigir
de FHC uma posição mais dura,
fugindo de sua característica.
A mudança de chefia na Aeronáutica foi feita com a aprovação
dos comandantes do Exército,
general Gleuber Vieira, e da Marinha, almirante Sérgio Chagasteles. Mas o comportamento de
ambos não permite concluir que
tenham agido para prestigiar o
chefe Elcio Alvares.
Disciplinados, Vieira e Chagasteles concordaram com a tese de
que as declarações do brigadeiro
Walter Werner Bräuer, afastado
da chefia da Aeronáutica, poderiam ser interpretadas como um
gesto de insubordinação.
Mas exigiram a saída também
de Solange Antunes Rezende, a
assessora de Elcio Alvares que está sob investigação da CPI do
Narcotráfico.
O brigadeiro Bräuer não gostou
do comportamento dos colegas
do Exército e da Marinha. Em
diálogos privados, ele considerou
absurda a alegação de que teria se
insubordinado. Alega que seu comentário - "A vida pública tem
que ser bastante ilibada, transparente, que não deixe dúvidas"-
foi dirigido não ao ministro, mas
à sua assessora.
A verdade é que o episódio serviu de pretexto para que FHC fizesse algo que planejava há tempos. Bräuer é considerado pelo
presidente um militar à antiga,
nacionalista em demasia. O brigadeiro sempre se opôs a teses
que são caras ao tucanato: privatização dos aeroportos e abertura
do programa espacial brasileiro,
por exemplo.
O novo comandante Carlos de
Almeida Baptista é visto no Planalto como uma pessoa mais
"arejada". Ele defende a idéia de
que a Aeronáutica seja reduzida a
uma força militar aérea, abrindo
espaço para os civis na administração de aeroportos (Infraero) e
no DAC (Departamento de Aviação Civil).
O maior sintoma de que a cabeça de Elcio Alvares ainda pode ser
apartada de seu pescoço é a discussão que já se trava em Brasília
em torno dos nomes dos potenciais substitutos.
Uma das alternativas mencionadas é a de convencer o vice-presidente Marco Maciel a acumular a pasta da Defesa. Algo que
FHC tentou, sem sucesso, no final
do ano passado, quando já havia
decidido criar o ministério.
Outros nomes mencionados
como potenciais substitutos de
Elcio Alvares são os ex-ministros
Jarbas Passarinho e Celso Lafer,
além do atual ministro Ronaldo
Sardenberg (Ciência e Tecnologia).
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