São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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PERFIL

Futuro ministro trabalhou em casos polêmicos

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram a descrição das montanhas do Líbano e a imediata comparação com a Serra da Mantiqueira que fizeram com que Márcio Thomaz Bastos optasse pela carreira de advogado.
Em 1946, quando tinha 11 anos, entrou escondido em um julgamento no tribunal de Cruzeiro, a 221 km de São Paulo, onde nasceu. Lá, pôde ver um advogado fazendo a defesa de um homem árabe que havia assassinado o amante da própria mulher.
Thomaz Bastos se impressionou com a retórica do advogado, que citava a "beleza das montanhas do Líbano". Ao olhar pela janela, tendo a Serra da Mantiqueira como cenário, o futuro ministro da Justiça pensou: "É isso que quero fazer da vida".
Cinquenta e seis anos depois, Thomaz Bastos, um dos maiores criminalistas do país, atuou em defesas similares àquela realizada pelo advogado de Cruzeiro nos anos 40. Aos 67 anos, traz no currículo casos polêmicos, como a defesa do promotor público Igor Ferreira, acusado de matar a mulher grávida e que está foragido há mais de um ano e do empreiteiro Fábio Monteiro de Barros Filho, acusado de desviar verba da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo. É advogado de políticos, como do senador eleito pela Bahia Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Um dos primeiros casos de grande repercussão envolveu a defesa do presidente do grupo Brasilinvest, Mario Garnero, condenado por fraude contra o Sistema Financeiro, em 1988. Participou também da acusação do cantor Lindomar Castilho, que foi condenado por matar a mulher.
Mas foi a atuação como acusação no júri dos assassinos do sindicalista Chico Mendes, em 1990, um dos principais momentos de sua carreira.
A relação com o PT vem desde a época do movimento sindical, quando o advogado prestava assessoria jurídica para os metalúrgicos. Foi aprofundada na campanha das "Diretas Já" (1984) e na Constituinte, em 1988, da qual Thomaz Bastos participou de forma intensa como presidente da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em 2000, Thomaz Bastos foi um dos criadores do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), que presta advocacia gratuita às pessoas que não podem bancar honorários de advogados.
Conhecido pelos amigos como atleta -acorda às 6h e corre quase todo dia- o criminalista já atuou em mais de 600 júris. Alguns brincam que ele é um pouco hipocondríaco, fama que também era aplicada ao ex-ministro da Saúde José Serra.


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