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PERFIL
Futuro ministro trabalhou em casos polêmicos
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram a descrição das montanhas do Líbano e a imediata comparação com a Serra da Mantiqueira que fizeram com que Márcio Thomaz Bastos optasse pela
carreira de advogado.
Em 1946, quando tinha 11 anos,
entrou escondido em um julgamento no tribunal de Cruzeiro, a
221 km de São Paulo, onde nasceu. Lá, pôde ver um advogado fazendo a defesa de um homem árabe que havia assassinado o amante da própria mulher.
Thomaz Bastos se impressionou com a retórica do advogado,
que citava a "beleza das montanhas do Líbano". Ao olhar pela janela, tendo a Serra da Mantiqueira como cenário, o futuro ministro da Justiça pensou: "É isso que
quero fazer da vida".
Cinquenta e seis anos depois,
Thomaz Bastos, um dos maiores
criminalistas do país, atuou em
defesas similares àquela realizada
pelo advogado de Cruzeiro nos
anos 40. Aos 67 anos, traz no currículo casos polêmicos, como a
defesa do promotor público Igor
Ferreira, acusado de matar a mulher grávida e que está foragido há
mais de um ano e do empreiteiro
Fábio Monteiro de Barros Filho,
acusado de desviar verba da obra
do Fórum Trabalhista de São Paulo. É advogado de políticos, como
do senador eleito pela Bahia Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Um dos primeiros casos de
grande repercussão envolveu a
defesa do presidente do grupo
Brasilinvest, Mario Garnero, condenado por fraude contra o Sistema Financeiro, em 1988. Participou também da acusação do cantor Lindomar Castilho, que foi
condenado por matar a mulher.
Mas foi a atuação como acusação no júri dos assassinos do sindicalista Chico Mendes, em 1990,
um dos principais momentos de
sua carreira.
A relação com o PT vem desde a
época do movimento sindical,
quando o advogado prestava assessoria jurídica para os metalúrgicos. Foi aprofundada na campanha das "Diretas Já" (1984) e na
Constituinte, em 1988, da qual
Thomaz Bastos participou de forma intensa como presidente da
Ordem dos Advogados do Brasil.
Em 2000, Thomaz Bastos foi um
dos criadores do IDDD (Instituto
de Defesa do Direito de Defesa),
que presta advocacia gratuita às
pessoas que não podem bancar
honorários de advogados.
Conhecido pelos amigos como
atleta -acorda às 6h e corre quase todo dia- o criminalista já
atuou em mais de 600 júris. Alguns brincam que ele é um pouco
hipocondríaco, fama que também era aplicada ao ex-ministro
da Saúde José Serra.
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