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Notícia é o que
não queremos ver publicado, diz Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu discurso de prestação
de contas, ontem, o presidente
Lula falou sobre seu relacionamento com a imprensa. "Eu
aprendi uma coisa: notícia é
aquilo que nós não queremos
que seja publicado, o resto é
publicidade." Ele já havia o repetido raciocínio em setembro.
Depois, disse como deve ser o
comportamento de seus ministros: "Se nós falarmos menos e
falarmos apenas o necessário,
ficaremos mais felizes a cada
manhã, quando abrirmos as
páginas dos jornais ou as páginas da revista. Ou seja, imprensa, na verdade, é como coração
de mãe: por mais que a gente
brigue com ela, a gente sabe
que precisa dela".
Alguns jornalistas que faziam
a cobertura do evento no Palácio do Planalto aplaudiram a
observação do petista -que,
no final do discurso, disse: "A
vocês, jornalistas, tenham paciência comigo, que eu tenho
com vocês".
Atraso
Depois de esperar por cerca
de uma hora e meia a chegada
do presidente Lula ao salão nobre do Planalto para a cerimônia de prestação de contas do
governo, os convidados ouviram o discurso mais longo desde que ele ocupou a Presidência: uma hora e 45 minutos.
Depois de parar várias vezes
devido a crises de tosse, Lula
afirmou aos convidados, rindo:
"Já está acabando". Em determinado momento, lhe serviram água gelada e o presidente
reclamou dizendo que quem fizera aquilo nunca havia falado
em microfone.
Segundo assessores, Lula
atrasou porque fazia ajustes no
texto, incluindo trechos reforçando o papel do Congresso e
tratando da aprovação da reforma tributária.
Convidados não chegaram a
se aborrecer com a espera. "A
agenda de um chefe de Estado é
sempre atribulada", disse Jussara Ribeiro, diretora de uma
produtora mineira.
O evento, no entanto, não foi
muito concorrido. Das cerca de
750 cadeiras colocadas no salão
nobre, quase 200 estavam vazias até o início da cerimônia.
Um funcionário do Planalto
afirmou que foi convocado para "ajudar a fazer número".
A preparação do discurso de
Lula durou três meses, desde
que a assessora da Presidência
Miriam Belchior enviou questionários aos ministros para levantar os projetos realizados. O
texto foi fechado na Secretaria
de Comunicação de Governo.
Alguns assessores acharam o
discurso longo. O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, cochilou.
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