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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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Notícia é o que não queremos ver publicado, diz Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu discurso de prestação de contas, ontem, o presidente Lula falou sobre seu relacionamento com a imprensa. "Eu aprendi uma coisa: notícia é aquilo que nós não queremos que seja publicado, o resto é publicidade." Ele já havia o repetido raciocínio em setembro.
Depois, disse como deve ser o comportamento de seus ministros: "Se nós falarmos menos e falarmos apenas o necessário, ficaremos mais felizes a cada manhã, quando abrirmos as páginas dos jornais ou as páginas da revista. Ou seja, imprensa, na verdade, é como coração de mãe: por mais que a gente brigue com ela, a gente sabe que precisa dela".
Alguns jornalistas que faziam a cobertura do evento no Palácio do Planalto aplaudiram a observação do petista -que, no final do discurso, disse: "A vocês, jornalistas, tenham paciência comigo, que eu tenho com vocês".

Atraso
Depois de esperar por cerca de uma hora e meia a chegada do presidente Lula ao salão nobre do Planalto para a cerimônia de prestação de contas do governo, os convidados ouviram o discurso mais longo desde que ele ocupou a Presidência: uma hora e 45 minutos.
Depois de parar várias vezes devido a crises de tosse, Lula afirmou aos convidados, rindo: "Já está acabando". Em determinado momento, lhe serviram água gelada e o presidente reclamou dizendo que quem fizera aquilo nunca havia falado em microfone.
Segundo assessores, Lula atrasou porque fazia ajustes no texto, incluindo trechos reforçando o papel do Congresso e tratando da aprovação da reforma tributária.
Convidados não chegaram a se aborrecer com a espera. "A agenda de um chefe de Estado é sempre atribulada", disse Jussara Ribeiro, diretora de uma produtora mineira.
O evento, no entanto, não foi muito concorrido. Das cerca de 750 cadeiras colocadas no salão nobre, quase 200 estavam vazias até o início da cerimônia.
Um funcionário do Planalto afirmou que foi convocado para "ajudar a fazer número".
A preparação do discurso de Lula durou três meses, desde que a assessora da Presidência Miriam Belchior enviou questionários aos ministros para levantar os projetos realizados. O texto foi fechado na Secretaria de Comunicação de Governo.
Alguns assessores acharam o discurso longo. O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, cochilou.


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