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UM ANO DEPOIS
Dirceu afirma que é preciso "virar a página"; para Ciro, controle da crise macroeconômica "foi brilhante"
Em uníssono, ministros destacam Fazenda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com respostas que pareciam
ensaiadas, ministros de Luiz Inácio Lula da Silva que circulavam
ontem pelo Palácio do Planalto
usaram a economia para encabeçar a lista dos pontos que consideram positivos no primeiro ano de
governo. Isso antes mesmo de o
próprio presidente elogiar Antonio Palocci Filho (Fazenda) em
discurso de prestação de contas.
Os ministros lembraram que o
país enfrentava "uma crise de credibilidade" no final de 2002 e listaram o controle da inflação, a
queda do risco-país e dos juros e o
superávit da balança comercial.
"O controle da crise macroeconômica foi brilhante", disse o ministro Ciro Gomes (Integração
Nacional). Para Jaques Wagner
(Trabalho), "o que foi bem foi a
travessia da economia".
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, destacou que as medidas
adotadas neste ano permitirão investir na área social em 2004. Para
José Dirceu (Casa Civil), os avanços obtidos na economia são um
primeiro passo. "Vencemos a primeira etapa." E completou: "O
povo entendeu o que era necessário fazer, mas agora precisamos
virar a página. O país precisa se
desenvolver e crescer".
Neste ano, o superávit comercial será recorde, na casa dos US$
24 bilhões. O risco-país caiu de
2.400 pontos (24 pontos percentuais acima dos juros pagos pelos
títulos do Tesouro norte-americano) em setembro do ano passado
para menos de 500 pontos hoje.
Na semana passada, a previsão
do mercado para a inflação ficou
em 9,18%, próxima da meta de
8,5% do Banco Central. E a taxa
de juros do BC, que iniciou o ano
em 25%, está em 16,5%.
O ministro da Cultura, Gilberto
Gil, apontou, além da estabilidade
econômica, o comércio exterior.
Para ele, o crescimento prometido para 2004 também depende da
conjuntura internacional. "Estamos numa economia mundial.
Provavelmente o ministro Palocci
está certo quando diz que teremos
de fazer superávit [fiscal, para o
pagamento de juros da dívida]
nos próximos dez anos", afirmou.
Outro ponto destacado pelos
ministros foi a aprovação das reformas da Previdência e tributária
no Congresso. Mas não citaram
que parte das medidas previstas
pelo governo ficou para 2004.
"Um grande feito foi aprovar
duas reformas polêmicas em um
ano. Obviamente que nenhuma
das duas é perfeita, porque na política não existe perfeição, mas são
passos fundamentais", disse Ricardo Berzoini (Previdência).
Social
Na lista da ministra Benedita da
Silva (Assistência Social) entrou a
unificação dos programas de
transferência de renda no Bolsa-Família. Ela disse que não foi possível avançar mais devido à situação encontrada. "Para quem tem
milhões de famílias abaixo da linha da pobreza, ainda é pouco para a demanda, mas acho que foi
um ano extremamente positivo."
Dizendo que reforma agrária
também é inclusão social, Miguel
Rossetto (Desenvolvimento
Agrário) aposta que em 2004 terá
"fluxo orçamentário" para cumprir as metas de assentamento.
Segundo Ciro Gomes, o governo teve desempenho desigual.
"Algumas áreas foram bem e outras não tão bem." Questionado
sobre o social, ressaltou: "Eu não
disse que era ruim, disse apenas
que citaria as melhores áreas".
Já, para Miro Teixeira (Comunicações), os brasileiros estão acostumados a governantes que, no
começo da gestão, fazem planos e
pacotes. "O governo não trouxe
um truque espetacular ou um plano de impacto econômico."
(GABRIELA ATHIAS, LUCIANA CONSTANTINO,
FERNANDA KRAKOVICS)
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