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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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UM ANO DEPOIS

Dirceu afirma que é preciso "virar a página"; para Ciro, controle da crise macroeconômica "foi brilhante"

Em uníssono, ministros destacam Fazenda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com respostas que pareciam ensaiadas, ministros de Luiz Inácio Lula da Silva que circulavam ontem pelo Palácio do Planalto usaram a economia para encabeçar a lista dos pontos que consideram positivos no primeiro ano de governo. Isso antes mesmo de o próprio presidente elogiar Antonio Palocci Filho (Fazenda) em discurso de prestação de contas.
Os ministros lembraram que o país enfrentava "uma crise de credibilidade" no final de 2002 e listaram o controle da inflação, a queda do risco-país e dos juros e o superávit da balança comercial.
"O controle da crise macroeconômica foi brilhante", disse o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional). Para Jaques Wagner (Trabalho), "o que foi bem foi a travessia da economia".
O ministro da Saúde, Humberto Costa, destacou que as medidas adotadas neste ano permitirão investir na área social em 2004. Para José Dirceu (Casa Civil), os avanços obtidos na economia são um primeiro passo. "Vencemos a primeira etapa." E completou: "O povo entendeu o que era necessário fazer, mas agora precisamos virar a página. O país precisa se desenvolver e crescer".
Neste ano, o superávit comercial será recorde, na casa dos US$ 24 bilhões. O risco-país caiu de 2.400 pontos (24 pontos percentuais acima dos juros pagos pelos títulos do Tesouro norte-americano) em setembro do ano passado para menos de 500 pontos hoje.
Na semana passada, a previsão do mercado para a inflação ficou em 9,18%, próxima da meta de 8,5% do Banco Central. E a taxa de juros do BC, que iniciou o ano em 25%, está em 16,5%.
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, apontou, além da estabilidade econômica, o comércio exterior. Para ele, o crescimento prometido para 2004 também depende da conjuntura internacional. "Estamos numa economia mundial. Provavelmente o ministro Palocci está certo quando diz que teremos de fazer superávit [fiscal, para o pagamento de juros da dívida] nos próximos dez anos", afirmou.
Outro ponto destacado pelos ministros foi a aprovação das reformas da Previdência e tributária no Congresso. Mas não citaram que parte das medidas previstas pelo governo ficou para 2004.
"Um grande feito foi aprovar duas reformas polêmicas em um ano. Obviamente que nenhuma das duas é perfeita, porque na política não existe perfeição, mas são passos fundamentais", disse Ricardo Berzoini (Previdência).

Social
Na lista da ministra Benedita da Silva (Assistência Social) entrou a unificação dos programas de transferência de renda no Bolsa-Família. Ela disse que não foi possível avançar mais devido à situação encontrada. "Para quem tem milhões de famílias abaixo da linha da pobreza, ainda é pouco para a demanda, mas acho que foi um ano extremamente positivo."
Dizendo que reforma agrária também é inclusão social, Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) aposta que em 2004 terá "fluxo orçamentário" para cumprir as metas de assentamento.
Segundo Ciro Gomes, o governo teve desempenho desigual. "Algumas áreas foram bem e outras não tão bem." Questionado sobre o social, ressaltou: "Eu não disse que era ruim, disse apenas que citaria as melhores áreas".
Já, para Miro Teixeira (Comunicações), os brasileiros estão acostumados a governantes que, no começo da gestão, fazem planos e pacotes. "O governo não trouxe um truque espetacular ou um plano de impacto econômico." (GABRIELA ATHIAS, LUCIANA CONSTANTINO, FERNANDA KRAKOVICS)


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