São Paulo, domingo, 19 de dezembro de 2004

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Até a rede ferroviária espionou comunistas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA

Então na clandestinidade, o PCB (Partido Comunista Brasileiro) -que, depois, deu origem aos atuais PPS e PCB- era alvo não só da vigilância dos setores de repressão política como também da burocracia estatal, como a RFFSA (Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima), durante a ditadura militar (1964-1985).
Em 1969, o órgão informou ao Ministério dos Transportes que militantes do partido teriam ordens para "difamar" o então ministro da pasta Mário Andreazza.
Em 6 de junho de 1969, o Ministério da Aeronáutica diz ter recebido a informação da RFFSA e determina uma busca por "informes captados sobre o assunto" e "outros dados julgados úteis".
"O departamento de segurança da RFFSA (...) recebeu informe de que o PCB teria distribuído ordens de difamar o ministro Andreazza em relação a problemas de sua administração (...), criando uma onda de boatos negativos", diz o documento.
Segundo o pedido de busca realizado pela 2ª Zona Aérea, a difamação "teria sido iniciada e conduzida principalmente nos meios portuários e ferroviários, através dos sindicatos de classe". O documento foi encontrado na Base Aérea de Salvador.
A atuação do PCB foi monitorada também pelo SNI, em um documento de 1968 que relata encontro entre o partido e seu correspondente na Alemanha.
Outro documento é de 6 de setembro de 1967. O assunto: "A aparição do PCB face à crise do Oriente Médio". A crise mencionada se refere à Guerra dos Seis Dias, conduzida por Israel contra Egito, Jordânia e Síria.
O material reproduz uma nota política aprovada pelo PCB na qual o partido defende que os brasileiros dêem "apoio e solidariedade aos povos árabes, condenando a agressão imperialista de que Israel foi instrumento".
Em relação ao Oriente Médio, a Aeronáutica produziu, ainda, um documento em 14 de abril de 1976 sobre a seita Baha'i, surgida no Irã no século 19. Os militares apontam um casal que vivia no Recife (PE) como difusor da seita.


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