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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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Pastoral oferece cadastro, mas diz não ter tido contato com ministro

Ana Cristina Suzina - 28.jun.02/Folha Imagem
A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns


DA REPORTAGEM LOCAL

Zilda Arns Newmann, coordenadora nacional da Pastoral da Criança, diz que poderia oferecer ao Ministério da Segurança Alimentar e Combate à Fome o cadastro de sua entidade, em que 33 mil comunidades em situação de risco alimentar são identificadas em 3.550 municípios.
Mas ela ainda não teve nenhum contato com o ministro José Graziano da Silva. Recebeu quinta-feira o recado de que ele gostaria de encontrá-la na próxima quarta. Ela não irá. Tem reunião no Conselho Nacional de Saúde para tratar da dengue. Mas mandará um outro dirigente da pastoral.
A Igreja está particularmente empenhada na questão da fome. Foi seu tema na assembléia episcopal de abril do ano passado.
Há ainda uma Comissão de Exigências Éticas e Evangélicas de Superação da Miséria e da Fome, que é presidida por d. Luciano Mendes de Almeida.
Ainda candidato, Luiz Inácio da Silva Lula visitou a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e pediu apoio ao Fome Zero, cuja primeira versão foi discutida em outubro de 2001.
Os bispos e algumas entidades como a Cáritas trabalham de modo descentralizado. A Pastoral da Criança, em campo há 19 anos e com arquivos informatizados desde 1987, em princípio conhece muito bem o problema.

Boa vontade
"Ele tem boa vontade. Falta a ele experiência e prática, mas ele aprende fácil", diz Zilda Arns, a respeito do novo ministro.
Não há zombaria em sua afirmação, por mais que ela e Graziano tenham algumas diferenças.
Primeiro, em razão da idéia de um cupom de alimentação que os mais pobres receberiam e com o qual só poderiam comprar alimentos. "Um horror", define ela. A seguir, com a idéia do governo de distribuir dinheiro, mas pedir que os beneficiados pelo programa comprovem a compra de comida por meio de nota fiscal ou equivalente.

Bobagem
"Isso é de quem nunca trabalhou com população pobre", diz ela. Só o controle desses comprovantes exigiria um batalhão de funcionários que encareceriam o programa. "É gastar dinheiro com bobagem", completa.
Um último desencontro: a Pastoral da Criança acredita que sejam 25,5 milhões, conforme o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), e não 44 milhões, conforme o atual governo, a clientela potencial do programa de segurança alimentar.
Mas Zilda Arns não condiciona sua contribuição à aceitação de seus pontos de vista.
Diz poder transmitir suas experiências e mobilizar nas paróquias os grupos de juventude ou de família para auxiliarem Graziano.
Há pontos importantes de concordância entre suas posições e as do ministro, como o papel da agricultura familiar e a necessidade de consumo de alimentos na própria região em que eles são produzidos. O que evitaria o encarecimento pelo transporte.
(JBN)


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