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INVESTIGAÇÃO
Brasil corre o risco de não reaver US$ 36 milhões se não houver condenação de fiscais do Rio pela Justiça brasileira
Suíça pode confiscar dinheiro de conta de brasileiros
ANTÔNIO GOIS
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Se até o dia 15 de maio não houver uma decisão judicial condenando Rodrigo Silveirinha e os
outros sete suspeitos de enviar
dólares ilegalmente para a Suíça,
o Brasil corre o risco de não conseguir reaver os US$ 36 milhões
depositados em uma conta bancária na Suíça.
Essa possibilidade existe porque, além do processo no Brasil
que investiga o envio do dinheiro
para a Suíça, há um processo criminal naquele país por lavagem
de dinheiro. Se forem condenados na Suíça, sem ter sido condenados no Brasil, as autoridades
suíças poderão pedir o confisco
do valor depositado nas contas.
"O processo na Suíça pode culminar numa condenação e, em
consequência, num confisco do
dinheiro pelas autoridades suíças", disse o procurador da República Artur Gueiros, o primeiro a
investigar o caso em parceria com
o procurador Bruno Acioli.
O prazo de 120 dias para que a
Justiça do Brasil condene -mesmo que em primeira instância-
os suspeitos é dado pela própria
legislação brasileira, que determina que o sequestro dos bens pode
durar 120 dias enquanto não houver uma condenação. O sequestro
dos bens foi determinado pelo
juiz Lafredo Lisboa, da 3ª Vara Federal Criminal, no último dia 15.
Após o prazo, o bloqueio do dinheiro determinado pela Justiça
do Brasil deixa de vigorar. Em caso de condenação na Suíça, não
havendo mais o bloqueio, o dinheiro poderá ser confiscado.
Na avaliação de Gueiros, a situação do processo criminal na Suíça
é mais cômoda porque o dinheiro
está depositado lá e os donos das
contas não conseguiram comprovar que sua origem é lícita.
"Lá, o caminho natural do processo é resultar no confisco do dinheiro, a não ser que apareça uma
prova cabal comprovando a origem lícita dos recursos. O que pode acontecer é o Brasil condená-los aqui e pedir o repatriamento
de todo ou de parte desse dinheiro", disse Gueiros.
Para o procurador, são mínimas
as chances de o dinheiro voltar
para as pessoas que o depositaram nas contas suíças.
Silveirinha foi subsecretário de
Administração Tributário do Rio
no governo Anthony Garotinho
(PSB), de 1999 a abril de 2000. Na
semana passada, ele foi demitido
do cargo de presidente da Codin
(Companhia de Desenvolvimento Industrial) pela governadora
Rosinha Matheus (PSB), mulher
de Garotinho. Também são suspeitos no caso três fiscais de renda
do governo estadual e quatro auditores da Receita Federal.
Advogados
O advogado Clóvis Sahione, que
representa sete dos oito suspeitos
-Silveirinha, entre eles-, disse
que seus clientes jamais admitiram ter feito depósitos na Suíça.
"Não existe prova nenhuma de
confissão e se existir, onde está?",
perguntou o criminalista.
O advogado Paulo Ramalho,
que representa o auditor Hélio
Lucena, da Receita, também disse
que o cliente jamais admitiu ter
conta na Suíça.
Em entrevista à rádio CBN, o
ex-secretário estadual de Fazenda
Carlos Antônio Sasse disse considerar uma "calúnia" as informações publicadas na revista "Isto É"
desta semana de que o esquema
de remessas ilegais para a Suíça
teria começado em 1989, quando
era secretário de Fazenda do município de Niterói (RJ).
Sasse disse que não conhecia
Lúcio Manoel Picanço, um dos
fiscais suspeitos de enviar dólares
à Suíça. Ele disse que Picanço jamais foi seu chefe de gabinete
porque na Secretaria de Fazenda
de Niterói não existe o cargo.
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