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Morales insiste em rever preço do gás vendido ao Brasil
"Não é possível que a Bolívia siga subvencionando gás para o Brasil", diz o presidente boliviano na cúpula do Mercosul
Após crítica, Lula se reuniu com colega no Rio e marcou para o próximo dia 14 de fevereiro um encontro para discutir o preço do produto
JANAINA LAGE
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Depois da queixa do presidente da Bolívia, Evo Morales,
sobre o preço da venda de gás
ao Brasil, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva manteve
uma reunião extraordinária
com o colega sul-americano, no
começo da tarde de ontem, no
hotel Copacabana Palace.
Lula determinou a seus auxiliares um estudo e marcou uma
reunião para 14 de fevereiro,
quando dará uma resposta a
Morales sobre o preço do gás.
O presidente boliviano partiu sem dar entrevista. Na cúpula, ele defendeu "profundas
reformas" no Mercosul e afirmou que o bloco só terá sentido
se atender às maiorias nacionais e incluir pequenos produtores e empresários.
Morales afirmou que jamais
será possível acabar com as assimetrias, mas lembrou que a
Bolívia fornece gás a preço subsidiado para Cuiabá, a cerca de
US$ 1 por milhão de BTU (unidade térmica britânica). "Não é
possível que a Bolívia siga subvencionando gás para o Brasil."
Pouco antes de tecer críticas
durante o discurso dos países
membros e associados do bloco, Morales havia afirmado, em
entrevista, contar com a boa
vontade de Lula para resolver o
impasse sobre o preço do gás. A
Bolívia vende gás para a Argentina a US$ 5 por BTU.
Morales anunciou ainda que
pretende nacionalizar o setor
de mineração neste ano e afirmou que os presidentes do
Uruguai e do Paraguai se sentiam sozinhos no bloco. "A
América do Sul precisa se unir
para lutar contra a soberba do
império", disse.
Ressaltou a diversidade de
origens dos presidentes da região, com Lula, "um operário",
Morales, "um indígena", Chávez, "um militar patriota" e
Correa, "um intelectual e economista". Essa seria, para Morales, a chave para modelos de
integração adequados a todos
os segmentos da sociedade.
Sobre a ascensão do eixo Venezuela-Bolívia-Equador na
América Latina, Morales afirmou que, antes, só havia "um líder, um comandante, um povo"
que lutava contra o império,
numa referência a Fidel Castro.
"Começamos a nos valorizar",
disse. Segundo ele, a Bolívia suportou a total intromissão do
Banco Mundial e do FMI. A recuperação da economia em
2006 ocorreu, no entanto, sem
a adoção de medidas impopulares, segundo Morales.
"Se, antes, tínhamos apenas
um presidente como Fidel, agora, temos outros como Chávez,
a quem respeito muito. Terminou na América Latina a época
das democracias servis subordinadas ao império."
O presidente da Bolívia criticou também a demora para ingressar no Mercosul. "Os presidentes Lula e Chávez por vezes
se queixam da burocracia. Eu
também devo me queixar."
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