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Sem Lula, Fórum Social se volta à África
Decisão do presidente de não ir ao evento, no Quênia, mas participar do Fórum de Davos, é criticada por organizadores
Para MST e diretor do Ibase, presidente marca distância de movimentos sociais com a escolha; 400 brasileiros são esperados no encontro
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI
Causou desconforto e "perplexidade" entre organizadores
do 7º Fórum Social Mundial a
decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não ir ao
evento, que começa neste sábado em Nairóbi, no Quênia, mas
comparecer ao encontro "oposto", o Fórum Econômico Mundial, que acontece na semana
que vem, em Davos, na Suíça.
Um dos idealizadores do Fórum Social, o ex-assessor da
Presidência e amigo de Lula,
Oded Grajew, frisou que não faria "julgamento de valor", mas
afirmou, que a idéia de promover a coincidência de datas entre os dois eventos, desde a
criação do Fórum Social Mundial, em 2001, era "fazer as pessoas escolherem seus caminhos, dizerem onde se sentem
mais identificadas".
"Tem de perguntar para ele
[como avalia]. As pessoas vão
onde acham importante estar",
disse Grajew, presidente do
Conselho Deliberativo do Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social.
Outro organizador do fórum,
Cândido Grzybowski, foi mais
direto: "Eu lamento, me deixa
muito perplexo", disse ele, que
é diretor-geral do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). "Nós o tínhamos como parceiro desde o
início. A ida de Lula a Davos
não rompe nada, mas aprofunda esse estranhamento, esse
distanciamento com a sociedade civil", disse.
Também participante do
grupo brasileiro organizador
do Fórum, João Paulo Rodrigues, do MST, também fez crítica a Lula: "[A ausência] sinaliza que há uma mudança de rumos no governo Lula e na figura do próprio presidente Lula
do ponto de vista da relação
com a esquerda".
É a primeira vez, desde que
chegou à Presidência, que Lula
opta por um dos fóruns. Em
2003 e em 2005, o presidente
participou dos dois encontros,
foi a Porto Alegre, que sediava o
social, e à Suíça.
Em 2004 (na Índia) e 2006
(na Venezuela e no Mali e no
Paquistão), Lula não foi ao social, mas também não foi ao
econômico. Nos dias 27 e 28
deste mês, vai a Davos. A Folha
não obteve resposta da Presidência sobre os motivos da ausência de Lula no Quênia.
Temas africanos
Sem a presença de Lula e do
presidente venezuelano Hugo
Chávez, a 7ª. Edição do Fórum
Social Mundial, que começa
hoje em Nairóbi (Quênia), tentará ser menos um evento para
discutir alternativas às políticas neoliberais ou experiências
de governos de esquerda, e
mais um debate centrado na
perspectiva africana para problemas como HIV/ Aids, pobreza, endividamento, neocolonialismo e conflitos armado.
O enfoque é considerado
"natural" pelo comitê organizador, uma vez que o evento ocorre no continente, e é um "retorno" às raízes do Fórum depois
da controvérsia da edição venezuelana, em 2006. A influência
de Chávez -que encerrou o
evento em uma cerimônia
transmitida pela TV - levou
para o centro das discussões o
risco de "aparelhamento".
Antes da chegada dos 150 mil
participantes esperados, os organizadores do Fórum tentavam resolver problemas como
falta de hotéis, dificuldade de
transporte e segurança. A cidade é considerada violenta.
A expectativa do grupo organizador do Fórum no Brasil é
que 400 pessoas de ONGs e
movimentos sociais participem
do encontro. A comitiva do governo Lula, que chega à noite a
Nairóbi em um avião da FAB
(Força Aérea Brasileira), terá
34 pessoas de 11 ministérios e
será chefiada pelo ministro da
Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci.
(ANA FLOR E FLÁVIA MARREIRO)
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