São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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Eleição municipal dita lideranças na Câmara

Na escolha de líderes na Casa, partidos levam em conta nomes de deputados que devem disputar prefeitura de capitais

No DEM, ACM Neto deverá substituir Onyx Lorenzoni; sigla aposta que com mais visibilidade, Neto crescerá na disputa por Salvador

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em ano de eleições municipais, os principais partidos da Câmara apostam em suas lideranças para ganhar espaço em capitais estratégicas. Os atuais líderes trabalham pelos nomes com viabilidade às prefeituras e, após o recesso, que termina depois do feriado de Carnaval, a primeira missão será definir quem comandará cada sigla.
No DEM, já está tudo certo para que o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) substitua Onyx Lorenzoni (RS). O partido aposta que com mais visibilidade no Congresso, Neto terá mais chances de se eleger prefeito de Salvador, posto de extrema importância para o DEM retomar seu prestígio no Estado.
Esta será a primeira vez nos nos últimos 50 anos que uma eleição na capital baiana não terá a influência do senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). E o cenário não é muito animador para o DEM. Na última pesquisa Datafolha, realizada em dezembro do ano passado, o nome de ACM Neto aparecia apenas na terceira colocação, com 15% das intenções de votos.
No principal cenário, o radialista Raimundo Varela (PRB), que nunca disputou uma eleição, liderava a pesquisa com 19% das intenções dos votos e o atual prefeito, João Henrique Carneiro (PMDB), vinha em segundo, com 16%.
No PT, o deputado Maurício Rands (PE), um dos cotados para a Prefeitura de Recife, deve assumir a liderança do partido na Câmara. Ele já concorreu ao posto no ano passado, mas cedeu espaço para o deputado Luiz Sérgio (RJ). "Não escolhemos o líder apenas por essa lógica [para dar mais visibilidade nas eleições municipais], mas Rands é por muitos motivos o provável nome para me substituir. Acredito que toda a bancada pense como eu e que ele possa conquistar seu espaço nacionalmente", disse Luiz Sérgio.
Rands terá que "aparecer" muito como líder no Congresso para conseguir a prefeitura de Recife, já que outro petista é preferido na capital pernambucana. Na última pesquisa Datafolha, o secretário estadual das Cidades, Humberto Costa, foi o nome do partido que apareceu com mais intenções de votos.
No PSDB, a influência da escolha do novo líder da Câmara na eleição municipal é indireta. Até agora, dois deputados concorrem ao posto: José Aníbal e Arnaldo Madeira, ambos de São Paulo.
O primeiro é aliado do ex-governador Geraldo Alckmin e o segundo do atual, José Serra. Qualquer um que ganhe mostrará qual tendência deve predominar na disputa pela prefeitura da capital. Se Aníbal ficar na liderança, será um sinal de que a maioria dos deputados simpatiza com a possibilidade de Alckmin disputar a eleição contra o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM).
Caso Madeira ganhe no Congresso, no entanto, a leitura é de que a maioria dos parlamentares prefere que o partido se alie ao DEM. O deputado nega que sua escolha esteja relacionada com o futuro do partido em São Paulo. "Fui secretário do Alckmin e também tenho uma relação antiga com o Serra. Apenas trabalho para conseguir a unidade da bancada", afirmou Madeira.
Na última pesquisa da capital, Alckmin aparecia a frente de Kassab, com 26% das intenções de voto contra 13%, mas o atual prefeito tem tendência de crescimento.
Diferentemente de DEM, PSDB e PT, o PMDB é o único entre as quatro maiores legendas da Câmara que não deve relacionar o novo líder com as eleições municipais. Henrique Eduardo Alves (RN) foi reconduzido ao cargo já no final do ano passado. "Não tenho pretensão em usar meu cargo de alguma forma para me promover para as eleições. Vou continuar na liderança por aclamação do partido", disse.
Os líderes do governo e da oposição na Casa continuam os mesmos, Henrique Fontana (PT-RS) e Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), respectivamente. "As escolhas dessas lideranças não obedecem os mesmos critérios. Eu, por exemplo, sou escolhido pelo presidente, não pela prioridade das bancadas", explica Fontana.


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