São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Envolvimento de deputado federal do PL do Rio com Waldomiro Diniz motivou decisão, anunciada em programa da TV Record

Bispo Rodrigues é afastado da Igreja Universal

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ), um dos articuladores do apoio da Igreja Universal do Reino de Deus à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, foi afastado de suas funções de bispo e da coordenação política da igreja por determinação do seu Conselho de Bispos.
O motivo da decisão foi o envolvimento de Rodrigues com Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares do Planalto, que apareceu em gravação pedindo propina ao empresário de bingo Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Em carta divulgada anteontem, o conselho diz que tomou a decisão "em respeito à população e por estar comprometido com a verdade e a transparência dos fatos". A decisão, segundo a igreja, foi motivada por reportagem do jornal "O Dia", do dia 15, que diz que Rodrigues teria sido o responsável pela indicação de Waldomiro à Loteria do Estado do Rio de Janeiro, o que ele nega.
Rodrigues e Waldomiro se conheceram em 1998. Na época, Waldomiro era assessor do então governador Cristovam Buarque (PT-DF). Na Loterj, Rodrigues indicou os diretores administrativo e de operações, exonerados por Benedita da Silva (PT) ao assumir o governo do Rio (abril de 2002).
Ontem, uma reportagem do "Jornal Nacional" afirmou que o motivo do afastamento foi um depoimento do chefe-de-gabinete do deputado estadual Marcos Abrahão (PDT-RJ), Jorge Luiz Dias, acusando Rodrigues de participar de um esquema de desvio de verbas publicitárias na Loterj.
Dias prestou depoimento em maio de 2003 ao Ministério Público Estadual. Ele afirmou que Rodrigues foi o responsável pela nomeação de Waldomiro à Loterj.
Ele contou que, em 2001, quando era chefe-de-gabinete do deputado estadual e pastor Valdeci Paiva (PSL-RJ), ia mensalmente a uma empresa de publicidade que prestava serviços à Loterj para receber cheques, no valor médio de R$ 100 mil, a serem repassados a Paiva e Rodrigues. Dias disse que, no início, acreditava ser contribuição para campanhas eleitorais e que só após o assassinato do pastor, em janeiro de 2003, teria descoberto que se tratava de um esquema de desvio de verbas.
A Folha não conseguiu confirmar com a igreja o caso.
Abrahão, à época suplente de Valdeci, foi suspeito de ser o mandante da morte do pastor. A suspeita foi levantada por Rodrigues.
Rodrigues disse à Folha que soube por telefone da decisão do Conselho de Bispos. Ele considerou a medida "forte", mas correta.
Anteontem, Rodrigues afirmou que conversou por duas ou três vezes com Carlinhos Cachoeira, mas que não se lembra bem do teor das conversas.


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