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INTELIGÊNCIA
Agência teria mais de 20 relatórios sobre o caso
Senado quer ouvir espião da Abin sobre envio de verba das Farc ao PT
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O conteúdo de duas entrevistas
publicadas na última edição da
revista "Veja" sugere que a investigação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sobre a promessa de contribuição eleitoral
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ao PT
teria produzido mais de duas dezenas de relatórios, em um trabalho que teria se estendido pelo
menos até meados de 2003.
O senador Demóstenes Torres
(PFL-GO) convocará, para depoimento, o espião entrevistado por
"Veja", o coronel Eduardo Adolfo
Ferreira, seu contato na Abin, e o
diretor-adjunto da Abin, José Milton Campana -segundo a reportagem, os manuscritos produzidos pelo infiltrado eram digitados
no gabinete de Campana.
Em audiência pública, diante de
parlamentares que integram a
Comissão Mista de Controle das
Atividades de Inteligência, o ministro-chefe do GSI, general Jorge
Armando Félix, e o diretor da
Abin, delegado Mauro Marcelo
de Lima e Silva, afirmaram, na última quinta-feira, que haveria um
único documento relacionado às
Farc cujo teor faz referência a promessa de doação de dinheiro.
Procurado ontem pela Folha, o
general Félix reafirmou o que havia dito dois dias antes: "Com relação àquele tema específico [promessa de contribuição de US$ 5
milhões para a campanha presidencial do PT], o documento que
temos hoje [nos arquivos da
Abin] é somente aquele".
O general disse ter em mãos todos os documentos já produzidos
e guardados pela Abin que têm relação com as Farc. "Hoje [ontem]
a revista apresenta uma série de
outros nomes. Vamos ouvi-los",
afirmou ele.
Conforme a reportagem, o espião da Abin, infiltrado no movimento sindical, produziu relatos
sobre ocasiões em que as promessas de doação eleitoral teriam sido
feitas. Os papéis teriam sido entregues ao coronel Ferreira.
Ferreira, que deixou a agência
em 2003, após sete anos, contou à
"Veja" que, com a ajuda do setor
de inteligência da Polícia Federal,
"a Abin obteve três ordens de pagamento, somando cerca de US$ 1
milhão, com indícios de que se
trata de parte do dinheiro das
Farc para o PT".
O diretor-geral da PF, delegado
Paulo Lacerda, disse que fará um
levantamento no órgão, mas acha
"improvável" que uma investigação tenha sido feita. "Se foi feito,
foi com autorização judicial para
a quebra de sigilo e numa investigação formal. Acho difícil que não
tivesse tomado conhecimento."
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