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SISTEMA FINANCEIRO
Ligação com Macrométrica foi mantida
Procurador associa
Lopes à consultoria
MÔNICA CIARELLI
da Sucursal do Rio
Documentos
apreendidos na
casa do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes
mostram que ele
continuou a dar
ordens administrativas à consultoria Macrométrica mesmo após seu
desligamento da empresa, em janeiro de 1995, quando assumiu a
diretoria de Política Econômica do
BC.
A revelação foi feita à Folha por
um dos procuradores da República que investigam o suposto esquema de venda de informação
privilegiadas no Banco Central.
Os papéis foram encontrados
durante a operação de busca e
apreensão na casa de Lopes realizada pela Polícia Federal, a pedido
do Ministério Público, na última
sexta-feira.
O procurador considerou suspeito o envolvimento de Lopes na
Macrométrica. Segundo ele, foi a
descoberta desse material que desencadeou a operação de busca e
apreensão na sede da consultoria
pela Procuradoria da República,
na própria sexta.
Ele ressaltou que o teor dos documentos de autoria de Lopes encontrados na operação reforça a
suspeita de que ele continuou ditando ordens na empresa mesmo
após sua saída. Pela lei 8.112, os
servidores públicos são proibidos
de gerenciar qualquer empresa.
Mesmo desligado oficialmente
da consultoria desde janeiro de 95,
Lopes ainda mantém laços estreitos com a Macrométrica.
Sua mulher e seu enteado ainda
são sócios da consultoria, e o próprio ex-presidente é o atual fiador
do contrato de locação do imóvel
da empresa.
Lopes fundou a consultoria em
sociedade com Sérgio Bragança,
um dos supostos intermediários
da compra de informações privilegiadas do Banco Central para quatro instituições financeiras.
Além dele, também teria participado do suposto esquema seu irmão Luiz Augusto. Ambos são
amigos do ex-presidente do Banco
Central.
Procurados ontem pela Folha,
Lopes e os sócios da consultoria
não foram encontrados.
O ex-presidente do BC já negou
ter repassado informações para os
irmãos Bragança, mas admite ter
mantido durante o seu período como diretor e presidente do Banco
Central -de janeiro de 95 a janeiro de 99- conversas sobre economia. "São pessoas que eu conheço
há muito tempo, mas, daí a dizer
que eles seriam fonte de informação, há uma grande diferença. Eu
não acredito na denúncia e confio
nessas pessoas, com as quais tenho
uma relação muito próxima."
O papel do ex-presidente do BC
na Macrométrica era um dos mais
importantes dentro da empresa.
Além de ser o economista mais conhecido pelo mercado financeiro
por ter participado da elaboração
do Plano Cruzado, Lopes também
estava à frente da elaboração das
análises econômicas vendidas ao
mercado financeiro.
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