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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Pagar dívida com FMI foi "burrice", afirma Alckmin
Segundo o tucano, Lula "está pagando uma dívida mais barata e aumentando a mais cara'
Candidato afirma que, se eleito, vai aprofundar reforma da Previdência e reduzir impostos sobre a folha de pagamentos
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, chamou ontem de "burrice" a decisão do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de pagar a dívida
do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Burrice, burrice, burrice",
frisou Alckmin, em entrevista à
rádio CBN: "Ele está pagando
uma dívida que é mais barata e
está aumentando a mais cara,
que é a dívida interna, que chegou a R$ 1 trilhão. Só para dizer
"paguei a dívida externa", mas
essa é a mais barata".
Para justificar seu ponto de
vista, Alckmin lembrou que a
dívida interna, "é referenciada
à taxa Selic", hoje em 15,25%.
Acusando mais uma vez o governo de errar na política de juros, Alckmin prometeu concluir a reforma da Previdência
Social, caso seja eleito presidente. Afirmando que o déficit
previdenciário é produto de setor público, Alckmin deu sinais
de que poderia defender o aumento da idade mínima exigida
para aposentadoria do servidor: de 60 anos para homens e
55 para mulheres.
"O problema é a idade em
que se aposentam, chamado fator previdenciário, especialmente no setor público."
Duvidando que Lula realize
num segundo mandato reformas que não fez em quatro
anos, Alckmin afirmou que
concluirá a regulamentação da
Previdência. Um dos pontos
polêmicos é o fim da paridade
para aposentados.
"Aprovamos a reforma da
Previdência há dois anos, com
os votos da oposição. Só que ela
não foi regulamentada até agora", disse: "Vamos regulamentar e enfrentar essa questão".
Alckmin propôs ainda a redução dos impostos sobre folha
de pagamento e a tributação sobre o faturamento. A medida
não é bem recebida pelos setores da economia em que há automação. "Hoje, grande parte
dos encargos estão sobre a folha de salários. Isso é um erro.
Você contrata um trabalhador
e paga o dobro do salário dele
de imposto e contribuição. Eu
pretendo reduzir isso e passar
sobre faturamento", disse.
Outra proposta que pode
causar reação é a de sua reforma tributária. Alckmin, mais
uma vez, defendeu a unificação
da legislação do ICMS no país.
"Em vez de 27 leis, uma só. Em
vez de 55 alíquotas, cinco faixas
de alíquota. E, depois, avançar
para o IVA, imposto de valor
agregado", descreveu.
A idéia, no entanto, sofre restrições dos governadores de Estados mais pobres, que se valem da redução do ICMS para
atrair empresas.
Na entrevista, Alckmin afirmou que os desvios de recursos
flagrados na Operação Sanguessuga ocorrem em outros
ministérios do governo Lula.
"Não tem controle. Pode escrever o que estou dizendo. Isso
que foi pego no Ministério da
Saúde tem em quase todos os
ministérios. Não tem controle
do gasto", disse o tucano.
Questionado se havia evidência disso, Alckmin assegurou:
"Ah, não tem a menor dúvida.
Pode verificar que você vai ter.
Porque não tem controle".
Além da previdenciária e da
tributária, Alckmin citou a reforma política entre suas prioridades. Mas, ao listar seus
pontos, excluiu o fim da reeleição, idéia que defendeu publicamente na semana passada.
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