São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Pagar dívida com FMI foi "burrice", afirma Alckmin

Segundo o tucano, Lula "está pagando uma dívida mais barata e aumentando a mais cara'

Candidato afirma que, se eleito, vai aprofundar reforma da Previdência e reduzir impostos sobre a folha de pagamentos

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, chamou ontem de "burrice" a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de pagar a dívida do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Burrice, burrice, burrice", frisou Alckmin, em entrevista à rádio CBN: "Ele está pagando uma dívida que é mais barata e está aumentando a mais cara, que é a dívida interna, que chegou a R$ 1 trilhão. Só para dizer "paguei a dívida externa", mas essa é a mais barata".
Para justificar seu ponto de vista, Alckmin lembrou que a dívida interna, "é referenciada à taxa Selic", hoje em 15,25%.
Acusando mais uma vez o governo de errar na política de juros, Alckmin prometeu concluir a reforma da Previdência Social, caso seja eleito presidente. Afirmando que o déficit previdenciário é produto de setor público, Alckmin deu sinais de que poderia defender o aumento da idade mínima exigida para aposentadoria do servidor: de 60 anos para homens e 55 para mulheres.
"O problema é a idade em que se aposentam, chamado fator previdenciário, especialmente no setor público."
Duvidando que Lula realize num segundo mandato reformas que não fez em quatro anos, Alckmin afirmou que concluirá a regulamentação da Previdência. Um dos pontos polêmicos é o fim da paridade para aposentados.
"Aprovamos a reforma da Previdência há dois anos, com os votos da oposição. Só que ela não foi regulamentada até agora", disse: "Vamos regulamentar e enfrentar essa questão".
Alckmin propôs ainda a redução dos impostos sobre folha de pagamento e a tributação sobre o faturamento. A medida não é bem recebida pelos setores da economia em que há automação. "Hoje, grande parte dos encargos estão sobre a folha de salários. Isso é um erro. Você contrata um trabalhador e paga o dobro do salário dele de imposto e contribuição. Eu pretendo reduzir isso e passar sobre faturamento", disse.
Outra proposta que pode causar reação é a de sua reforma tributária. Alckmin, mais uma vez, defendeu a unificação da legislação do ICMS no país. "Em vez de 27 leis, uma só. Em vez de 55 alíquotas, cinco faixas de alíquota. E, depois, avançar para o IVA, imposto de valor agregado", descreveu.
A idéia, no entanto, sofre restrições dos governadores de Estados mais pobres, que se valem da redução do ICMS para atrair empresas.
Na entrevista, Alckmin afirmou que os desvios de recursos flagrados na Operação Sanguessuga ocorrem em outros ministérios do governo Lula. "Não tem controle. Pode escrever o que estou dizendo. Isso que foi pego no Ministério da Saúde tem em quase todos os ministérios. Não tem controle do gasto", disse o tucano.
Questionado se havia evidência disso, Alckmin assegurou: "Ah, não tem a menor dúvida. Pode verificar que você vai ter. Porque não tem controle".
Além da previdenciária e da tributária, Alckmin citou a reforma política entre suas prioridades. Mas, ao listar seus pontos, excluiu o fim da reeleição, idéia que defendeu publicamente na semana passada.


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