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ÉTICA
Projeto atinge ministros e quem tem de cargo estratégico por um ano após perda da função
Proposta sugere "quarentena' a servidor
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
Um código de ética para autoridades públicas federais, a ser proposto ao presidente Fernando
Henrique Cardoso, submete ministros e servidores que ocupam
cargos estratégicos a uma "quarentena" de um ano após perda da
função pública.
Durante esse período, ex-diretores do Banco Central, por exemplo, não poderão assumir cargo
em instituição financeira com a
qual tenham atuado diretamente
antes de deixar o serviço público.
A proposta, elaborada pelo Conselho de Reforma do Estado, é polêmica: apenas os servidores de alguns órgãos receberão salário durante a "quarentena". Sem remuneração, o prazo pode ser reduzido para seis meses.
"No momento da perda do cargo, a autoridade sempre recebe
pagamentos adicionais, como férias, e seis meses passam rapidamente", disse o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, que
preside o conselho.
Um projeto de lei que será enviado ao Congresso definirá quais órgãos pagarão salários a ex-funcionários. É praticamente certo que o
Banco Central será incluído. Uma
comissão de ética autorizará, caso
a caso, a redução para seis meses.
Descumprir a "quarentena"
não implicará punição direta, mas
poderá ser agravante em processo
contra o funcionário público por
prevaricação, segundo Nóbrega.
O texto, chamado "Código de
Conduta dos Titulares de Cargos
na Alta Administração Federal",
tem 11 páginas e 49 dispositivos.
Ele pode ser obtido pela Internet,
no endereço http://www.mare.gov.br. Durante 20 dias, o conselho receberá sugestões de alteração nas normas. Depois disso, o
apresentará ao presidente.
O código disciplina a conduta de
cerca de 700 autoridades, entre
ministros de Estado, secretários-executivos, assessores remunerados com DAS-5 e 6 (maiores
gratificações na escala dos servidores) e dirigentes de estatais.
No exercício do cargo, esses servidores não poderão, por exemplo, receber presente cujo valor
supere R$ 200.
Quando assumirem o cargo, terão de apresentar declaração de
patrimônio e renová-la anualmente.
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