São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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ECONOMIA

Candidato petista afirma que governo tenta "jogar nas costas" da oposição responsabilidade por política econômica

Governo tem "bando de agiotas", diz Lula

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em discurso a metalúrgicos da região do ABC, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, chamou ontem de "bando de agiotas" integrantes da equipe econômica por privilegiarem, na sua opinião, a atração de capital especulativo em detrimento da produção. O petista disse ainda que se recusa a conversar com o FMI (Fundo Monetário Internacional), muito menos a assinar um acordo de transição, antes das eleições de outubro.
Para ele, o governo federal, ao insinuar que haveria um novo acordo com a participação dos candidatos, tenta "jogar nas costas" da oposição a responsabilidade sobre sua política econômica.
"Até 31 de dezembro, o responsável pelo governo chama-se Fernando Henrique Cardoso. Pelo ministério, Pedro Malan e pelo Banco Central, Armínio Fraga. Eles que assumam a responsabilidade de consertar o que fizeram e parem de jogar nas minhas costas", declarou Lula, durante discurso para cerca de 200 metalúrgicos da linha de montagem da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP).
Mais tarde, ao lado da diretoria da Volks, Lula afirmou que aceita negociar com o FMI apenas após a sua eventual vitória.
"Somente depois de ganhar as eleições é que estaremos prontos a discutir. O FMI não tem porque me chamar, não tem que chamar o Ciro [presidenciável do PPS", o Garotinho [PSB", o Serra [PSDB", o Zé Maria [PSTU". O FMI tem que sentar com o governo."
Para o petista, a conversa do Fundo com candidatos pode até mesmo enfraquecer o governo. "Se a moda pega, para que governo? Vai antecipar a saída do Fernando Henrique?", perguntou.

"Remando ao contrário"
Defendendo o investimento produtivo no Brasil, Lula afirmou, para aplauso dos metalúrgicos que o ouviam, que o Brasil está "remando ao contrário". Foi quando atacou a equipe econômica. "Há dez anos, este país desacreditou da produção. Há dez anos, este país entendeu, com o bando de agiotas que governam o Ministério da Economia [Fazenda, na verdade", que deveria viver da especulação], afirmou.
Ele defendeu ainda a volta das câmaras setoriais como forma de revitalizar a indústria automotiva.



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