São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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TÚNEL DO TEMPO

Falando a metalúrgicos, Lula lembra sua atuação como sindicalista

Petista chora em fábrica no ABC

Mauricio Piffer/Folha Imagem
Ao lado de Luiz Marinho, Lula chora em visita à Volkswagen, em São Bernardo (região do ABC)


DA REPORTAGEM LOCAL

Cercado por duas centenas de metalúrgicos de macacão, muitos com adesivos em apoio à sua candidatura, Luiz Inácio Lula da Silva, de terno e gravata, retornou ontem ao "chão da fábrica".
Foi um evento cuidadosamente preparado por sua assessoria, para mostrar um Lula comprometido com a produção, no momento em que se discute novo acordo com o FMI.
Ao lado de seu vice, o milionário empresário José Alencar, Lula passeou pela linha de montagem da fábrica da Volkswagen em São Bernardo, a maior do gênero no Brasil. Funcionários que trabalhavam pararam para cercar o ex-sindicalista, pedir autógrafos e aplaudi-lo.
Ao final da caminhada, em cima de um palanque improvisado, Lula teve de interromper o discurso logo no início. Ao lembrar das primeiras vezes que entrou na fábrica da Volks, nos anos 70, começou a chorar.
"Quando eu entrei aqui, a minha cabeça começou a girar e voltou a 75, 78. Para trazer um simples boletim, tinha que colocar dentro da meia, amarrar na barriga, com medo de ser revistado por um segurança", disse. Alguns metalúrgicos na platéia também choravam.
Lula discursou em uma fábrica totalmente automatizada -processo que se iniciou justamente quando ele era líder metalúrgico. Como resultado da mecanização, a fábrica, que já teve 23 mil trabalhadores, está reduzida hoje a 16 mil.
Dizendo que hoje não é contra o avanço tecnológico, Lula afirmou que a resistência dos trabalhadores à robotização na época se justificava. "Os empresários nos diziam que os robôs iam ser bons, porque os metalúrgicos iam trabalhar menos e de forma Lembrou que tinha que "segurar" colegas que queriam destruir os robôs jogando açúcar nas máquinas -o que as fazia emperrar- quando presidia o sindicato da categoria.

Ataque a Ciro
Pela primeira vez em um ato da campanha o PT atacou o candidato do PPS, Ciro Gomes. O serviço coube a Luiz Marinho, candidato a vice na chapa de José Genoino, que disputa o governo de São Paulo.
Falando na Volkswagen, Marinho, presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, acusou Ciro de ter "destruído" a indústria de autopeças quando assinou um protocolo, em 94, que rebaixou as alíquotas de importação. Na época, ele era ministro da Fazenda.
Marinho também disse que Ciro, quando ministro, dificultou ao máximo a obtenção, pelos metalúrgicos, de um acordo salarial. "São elementos para aqueles que acham que Lula assusta e que Ciro eventualmente pode ser alternativa." (FZ)



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