São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO WALDOMIRO

Rogério Buratti foi secretário de Governo do atual ministro da Fazenda durante sua gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto

CPI quebra sigilos de ex-assessor de Palocci

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A CPI dos Bingos aprovou ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do advogado Rogério Tadeu Buratti, da sua mulher, a professora Elza Buratti, e do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Relacionado ao caso Waldomiro Diniz, Buratti foi secretário de Governo do atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP).
Ex-assessor da Casa Civil, então chefiada por José Dirceu, Waldomiro teria imposto uma empresa de Buratti, a BBS Consultores Associados, como condição para que a empresa de informática GTech Brasil, que gerencia loterias, renovasse um contrato com a CEF (Caixa Econômica Federal).
À época, Buratti negou conhecer Waldomiro Diniz e disse ter recusado oferta da GTech para atuar como lobista no processo de renovação do contrato. Essa renovação virou parte importante do escândalo Waldomiro.
Pivô da maior crise do governo em 2004, Waldomiro foi flagrado em vídeo negociando propina com Carlinhos Cachoeira, em 2002. O dinheiro supostamente financiaria campanhas eleitorais. Waldomiro deverá ser ouvido pela CPI no dia 11 de agosto.
Buratti também foi apontado pelo Ministério Público Estadual como participante de suposto esquema de fraudes em licitações públicas promovido por executivos da empresa de lixo Leão Leão.
Ontem, a CPI também votou pela quebra dos sigilos das empresas GTech, BBS Consultores e Associados e W Way Informática Ltda, as duas últimas de Buratti.
Também foram autorizadas as quebras dos sigilos dos ex-dirigentes da GTech Marcelo Rovai e Antonio Carlos Lino Rocha, do advogado da GTech Enrico Gianelli, do ex-assessor da CEF Ralf Barquete Santos (morto em 2004) e de Denivaldo Henrique Araújo.

Brizola
Em depoimento ontem, à CPI, José Vicente Brizola, filho do ex-governador do Rio e do Rio Grande do Sul Leonel Brizola (1922-2004), acusou a campanha majoritária do PT gaúcho de arrecadar dinheiro com concessionárias de jogos e fazer "caixa dois" para financiar campanhas em 2002.
Ele disse ter sido procurado por Carlos Fernandes, filho da então candidata do PT ao Senado Emília Fernandes, para que intermediasse uma negociação com empresários de jogos interessados em contribuir na campanha. À época, Vicente presidia a Lotergs (Loteria do Rio Grande do Sul).
"Fui procurado pelo filho da senadora e por ela. Eles me propuseram que angariasse recursos para a campanha majoritária com concessionárias e outros operadores legais e ilegais." A direção do PT disse que as informações obtidas em CPI serão checadas. Derrotada na eleição, Emília chefiou a Secretaria Especial da Mulher no governo Lula até janeiro de 2004. Ela negou as acusações.


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