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Ex-assessor isenta irmão de Genoino
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O ex-dirigente do PT no Ceará e
ex-assessor do deputado José
Guimarães, José Adalberto Vieira
da Silva, 39, preso no último dia 8,
em São Paulo, quando tentava
embarcar para Fortaleza com R$
200 mil e US$ 100 mil disse ontem
que seu único erro foi ter sido
"imprudente". Ele assumiu toda a
responsabilidade pelo dinheiro.
Para Adalberto, não houve crime em transportar recursos em
espécie. "Qual o meu crime, de ser
petista, de ser assessor de um deputado que era irmão do [José]
Genoino [ex-presidente nacional
do PT]?", afirmou. "Continuo me
sentindo uma pessoa ética, séria,
segura de que não cometi nenhum delito."
Ele afirmou que espera reaver o
dinheiro apreendido logo para investir em seus negócios e poder
pagar os advogados.
Adalberto concedeu ontem entrevistas individuais a diversos
veículos de comunicação, usando
as mesmas palavras para falar sobre a origem do dinheiro.
Essa nova versão, de que ele havia pego o dinheiro com um amigo -cujo nome não quis falar-
para investir na abertura de uma
locadora de veículos e de outro
negócio turístico no Ceará, livra
das suspeitas seu ex-chefe, o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), e um outro
companheiro de partido, Kennedy Moura, que chegou a ser
exonerado do cargo de assessor
do BNB (Banco do Nordeste do
Brasil) após aparecer como possível destinatário do dinheiro.
A explicação, porém, é refutada
por seu amigo e ex-colega de trabalho, José Vicente Ferreira, com
quem Adalberto estava abrindo a
locadora de veículos. Para Ferreira, a história não é verdadeira, já
que o amigo nunca havia falado
na possibilidade de buscar dinheiro com outra pessoa para investir no negócio. Após confirmar
que havia emprestado um cheque
em branco a Adalberto, usado para a viagem, Ferreira foi exonerado do gabinete de Guimarães, o
que já havia acontecido antes com
o próprio Adalberto.
O ex-dirigente do PT cearense,
por sua vez, disse que não contou
nada a ninguém para não criar expectativas que poderiam não ser
confirmadas.
Ele disse ainda que tinha certeza
de que passaria com o dinheiro
no aeroporto e que os US$ 100 mil
dólares não estavam na cueca, como disse a Polícia Federal, mas na
cintura, sob a calça, presos com
elásticos e com o cinto. "Eu poderia ir até a Europa com esse dinheiro", afirmou, ao responder se
estava confortável com a colocação das notas no corpo.
Contradição
Em entrevista e à Polícia Federal, Kennedy Moura afirmou que
Guimarães o convocou para uma
reunião dois dias depois da prisão
de Adalberto, em São Paulo, para
pedir que assumisse a responsabilidade do dinheiro.
O deputado, após passar quatro
dias sem falar com a imprensa,
apareceu ontem na Assembléia
Legislativa do Ceará, onde contou
sua versão aos deputados, em que
nega tudo e toma como verdadeira a fala de Adalberto. O PSDB encaminhou à mesa diretora um pedido para a abertura de um processo disciplinar contra Guimarães, o que só será decidido no início de agosto.
Guimarães insiste em negar até
que soubesse que seu então assessor estava em São Paulo, no mesmo dia em que ele participava do
encontro do Diretório Nacional
do PT para decidir sobre o destino
de seu irmão, José Genoino, que
acabou se afastando da presidência nacional do partido no dia seguinte à prisão de Adalberto.
O delegado da Polícia Federal
José Pinto de Luna, que é de São
Paulo, mas está em Fortaleza especificamente para investigar este
caso, disse que não vai levar em
conta a explicação dada por Adalberto à imprensa, porque ele preferiu não dar depoimentos à PF,
enquanto estava preso. Ele já ouviu Moura e Ferreira.
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