São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2000


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ELEIÇÕES/SÃO PAULO

Postulantes pedem que programa do partido tenha caráter mais "político" e mencione realizações da atual bancada na Câmara

Candidatos a vereador do PT criticam primeiros programas gratuitos na TV

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros programas de televisão destinados aos vereadores do PT geraram críticas e insatisfação entre candidatos do partido.
A principal reclamação é que o programa exibido até aqui está "pouco político", sem fazer referência ao que os candidatos consideram sua grande arma eleitoral: a destacada atuação da bancada petista na Câmara Municipal nos últimos quatro anos.
Vereadores petistas estiveram na linha de frente durante a tentativa de aprovar o impeachment do prefeito Celso Pitta (PTN), além de terem feito denúncias contra o ex-prefeito e novamente candidato Paulo Maluf (PPB).
"O PT tem um potencial eleitoral que poderia estar sendo mais bem explorado. O trabalho que os vereadores fizeram nesses quatro anos deveria estar tendo mais destaque", disse o vereador Ítalo Cardoso, ligado à ala esquerda do partido e candidato à reeleição.
O programa petista estreou na última terça-feira, utilizando-se de um formato inovador.
No lugar de mostrar candidatos sucedendo-se no vídeo para falar de suas propostas, a cúpula petista optou por montar um programa "conceitual".
A idéia é reforçar o voto na legenda do PT, mostrando que a candidata do partido à prefeitura, Marta Suplicy, precisa de um "time" para governar.
Para isso, o publicitário Augusto Fonseca, responsável pelo programa, utilizou alguns recursos: colocou um farmacêutico falando da necessidade de "mudar" a Câmara e exibe um clipe em que os candidatos cantam juntos o jingle da campanha.
Lideranças nacionais petistas como José Genoino e Luiz Inácio Lula da Silva também apareceram reforçando o apelo para que o eleitor vote no PT.
Mas não houve menção à atuação da bancada nos últimos anos.
"Todas as bancadas do PT na Câmara são exemplares. Mas a atual é fora de série. Sem perder a beleza, o programa tem de ganhar conteúdo", diz Adriano Diogo, vereador e candidato à reeleição.
O formato do programa foi decidido em reunião dos candidatos a vereador há cerca de um mês.
Ficou acertado que o programa reforçaria o voto no PT e destacaria a atuação da bancada, com a exibição de reportagens de jornal.
A orientação também é que os vereadores não falem individualmente no programa, porque o PT quer reforçar que a atuação da bancada foi coletiva.
"O programa está bom em linhas gerais. Suponho que nosso desempenho será mostrado mais tarde, mas não sei por que ainda não ocorreu", diz o vereador Carlos Neder, candidato à reeleição.
Candidatos que não são atualmente vereadores também reclamaram do programa.
Raimundo Bonfim, diretor da Central de Movimentos Populares e candidato, quer mais "impacto".
"Por que não começaram já mostrando o que o PT fez? Tudo bem reforçar a idéia de conjunto, mas, se não der uma politizada, não vamos conseguir aumentar nossa bancada", disse Bonfim, ligado à ala esquerda do petismo.
A bancada do PT na Câmara tem hoje dez integrantes. O partido espera dobrá-la na eleição.
Já Tereza Lajolo, ex-vereadora que novamente é candidata agora, diz que o programa tem de ser "mais contundente".
"Temos de nos diferenciar do malufismo. Mas até o jingle poderia ser melhor. Fala de corrupção, mas sem contundência", afirmou.

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