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EFEITOS DA REFORMA
Mudança na Previdência faz aumentar procura pelo benefício
Aposentadorias deste ano já ultrapassam as de 2002
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A corrida às aposentadorias
provocada pela reforma da Previdência já fez com que o número
de servidores públicos federais
aposentados neste ano supere o
dos que deixaram a atividade durante todo o ano de 2002.
Dados do Ministério do Planejamento mostram que, somente
de janeiro a julho deste ano, 11.180
servidores se aposentaram.
Em todo o ano passado, os benefícios concedidos pelo governo
federal somaram 7.465. Isso significa que o resultado parcial de
2003 é 50% superior à somatória
do ano passado inteiro.
Segundo o Ministério do Planejamento, a média mensal de aposentadorias alcançou 1.597 até julho. Se for mantido esse ritmo até
dezembro, 2003 poderá ser equiparado a 1998, ano em que foi
aprovada a reforma da Previdência do governo Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, 19.500 servidores federais correram para a
inatividade.
O pico na concessão de aposentadorias neste ano foi registrado
em abril, mês em que o governo
de Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Congresso a proposta de
emenda constitucional da Previdência. Foram concedidos naquele mês 3.537 benefícios.
Desde então, as concessões do
benefício vêm caindo lentamente
e chegaram a 1.130 em julho.
A avaliação do governo federal é
que, a partir do envio da reforma
ao Congresso, o teor das mudanças passou a ficar mais claro para
o funcionalismo, interrompendo
a trajetória de alta nas concessões
de aposentadorias.
Para tentar conter a corrida à
aposentadoria, o governo chegou
a enviar uma carta aos servidores
assegurando que direitos adquiridos serão preservados.
Além disso, o Ministério da Previdência encaminhou aos funcionários públicos uma cartilha com
os pontos da reforma, esclarecendo as principais dúvidas do funcionalismo. Para o governo federal, a corrida às aposentadorias só
pode ser explicada pela falta de informação dos servidores.
Focos
As universidades e escolas técnicas são um dos maiores focos
da disparada para a inatividade.
Levantamento realizado pela Andifes (Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) informa
que, até o início de junho, 2.000
professores e técnicos administrativos se aposentaram.
Para a Previdência, cerca de
20% dos professores e técnicos
dessas instituições de ensino estão em condições de partir para a
inatividade a qualquer momento.
O ministro Ricardo Berzoini
(Previdência) chegou a enviar um
emissário do governo às principais universidades do país para
esclarecer a reforma e tentar evitar as aposentadorias.
Institutos de pesquisa, Banco
Central e Polícia Federal também
aparecem entre os setores estratégicos em que o governo tem perdido grande número de servidores por conta do medo da reforma
da Previdência.
Banco Central
No caso do Banco Central, dos
4.721 funcionários ativos atualmente, 842 podem requerer a
aposentadoria desde janeiro
-18% do total. Até junho, cem
funcionários já o fizeram.
O governo incluiu no texto da
reforma a criação de um abono
para os servidores que, mesmo
tendo direito à aposentadoria,
permaneçam trabalhando.
Esse abono corresponde, na
prática, à isenção da contribuição
previdenciária de 11% que ativos
já pagam e inativos passarão a pagar depois das mudanças.
Hoje, já existe incentivo semelhante para os servidores continuarem em atividade -isenção
de contribuição previdenciária.
Mas, como não há contribuição
de inativos, a medida se torna inócua. Na reforma, além de garantir
a isenção da cobrança para quem
permanecer trabalhando, o governo ampliou o prazo para o recebimento do abono e o universo
de servidores que poderão ser beneficiados com a medida.
O abono valerá inclusive para os
servidores que completarem as
atuais regras para aposentadoria
mesmo depois da aprovação da
reforma, quando entrarão em vigor outras regras.
Assim, quem completar, depois
da aprovação da reforma, 53/48
anos de idade, 35/30 anos de contribuição e tiver cinco anos de
exercício no cargo, terá direito ao
abono caso continuem na ativa.
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