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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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Marcha contra a reforma reúne pelo menos 20 mil

Sérgio Lima/Folha Imagem
Marcha dos funcionários públicos da área de educação contra a reforma da Previdência na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
 
Sérgio Lima/Folha Imagem
Soldados da Polícia Militar impedem que os manifestantes se aproximem do Congresso Nacional


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os servidores públicos ligados à educação realizaram ontem uma marcha com cerca de 20 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, ou 30 mil pessoas, segundo os organizadores, para protestar contra a reforma da Previdência. A segurança não permitiu que eles se aproximassem do Congresso.
Os slogans mais utilizados pelos servidores em Brasília eram "em casa que não tem pão, Lula não tem razão" e "estou de pé, eu não caí, essa reforma é do FMI".
A CUT (Central Única dos Trabalhadores), uma das organizadoras do ato, disse que a principal reivindicação é mudar a regra de transição para os atuais servidores. Representantes dos manifestantes se encontraram ontem com o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS). "Vamos levantar todas as bandeiras, mas acho que já dançamos", disse Luiz Marinho, presidente da central.
A marcha, que começou por volta das 9h e terminou às 13h30, foi pacífica. Para evitar que se repetissem os atos de vandalismo no Congresso ocorridos na manifestação de 6 de agosto, a PM reforçou a segurança com 3.500 soldados do Batalhão de Choque, polícia montada e até cachorros treinados. Não houve confronto.
A marcha foi organizada pela CNTE (Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação), que reúne cerca de 800 mil professores de ensino básico da rede pública dos Estados e do município de São Paulo, e pela CUT. "Essa unidade de trabalhadores federais, estaduais e municipais é que fará com que essa reforma possa ser derrotada", disse o deputado Babá (PT-PA), da ala radical do partido, durante a manifestação.
Diferentemente da passeata anterior realizada por funcionários federais, o protesto de ontem "preservou" a imagem do PT e do presidente. Não houve queima de bandeiras nem enterros simbólicos. Os servidores que chegavam à concentração, ao lado da catedral de Brasília, recebiam um papel com "orientações". A primeira delas dizia: "Evite provocações e não se envolva em distúrbios".
Ao meio-dia, Marinho e Juçara Vieira, presidente da CNTE, foram recebidos por Paim em seu gabinete. O objetivo era convencer o senador a defender alterações no texto da reforma, que será votada em segundo turno na Câmara na próxima semana.
Se o Senado mudar o projeto, ele terá de voltar à Câmara. O vice-presidente do Senado teria prometido "apreciar o texto", segundo relato dos sindicalistas. "Queremos que o Senado não abra mão de sua prerrogativa de mudar aspectos da reforma", afirmou Vieira. Após a reunião, Marinho tentou falar aos manifestantes, mas foi vaiado. Disse não saber a razão das vaias, uma vez que "a CUT sempre esteve ao lado dos trabalhadores", e culpou o PSTU.


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