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CAMINHONAÇO
Para senador, proposta ruralista beneficia agricultores acostumados a tomar dinheiro e não pagar
ACM diz apoiar veto a perdão de dívida
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso terá apoio do presidente do Senado, Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), para vetar o
projeto que perdoa até 60% dos
débitos dos agricultores, caso a
Congresso aprove o projeto.
ACM disse ontem que a proposta beneficia "agricultores acostumados a tomar dinheiro e a não
pagar". Se depender dele, disse, o
projeto não passa no Senado.
Defendeu que o Congresso tente encontrar uma solução para o
problema da agricultura, sem beneficiar os que "devem muito e
são contumazes devedores".
"Sempre digo uma frase que
aprendi com Osvaldo Aranha:
"Não há problema insolúvel para
a inteligência humana". Então,vamos encontrar uma fórmula em
que a agricultura seja fortalecida,
mas que não sejam beneficiados
os agricultores acostumados a tomar dinheiro e a não pagar."
Aranha foi ministro das Relações Exteriores nos anos 30 e 40 e
ministro da Fazenda nos anos 50.
ACM explicou que o acordo
com os ruralistas será possível
"contanto que aqueles que devem
muito e são contumazes devedores saiam do jogo, para que os
mais pobres, os agricultores menores, sejam beneficiados".
Se um acordo não for possível e
o projeto atual, ACM acha que o
veto de FHC será "indispensável".
Na quarta-feira, a Câmara aprovou pedido de urgência para votação em plenário do projeto, já
aprovado pela Comissão de Agricultura. No mesmo dia, FHC
anunciou que iria vetá-lo.
"Evitar o veto é um dever do
Congresso, porque as ponderações do presidente no caso são absolutamente justas e a sociedade
está com ele. O Congresso não deve ficar contra a sociedade, por
causa de alguns membros seus
que defendem determinados interesses", disse ACM.
A reação do governo desorientou a bancada ruralista na Câmara, que está dividida e pode perder apoio dos deputados na votação da proposta em plenário.
"Enfrentamos dificuldades a cada minuto", disse o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO).
Os líderes governistas adiaram
para a próxima terça a decisão sobre a votação da proposta em plenário. Eles esperam ganhar tempo para reunir argumentos contra o projeto e conquistar o apoio
dos deputados para derrotá-lo.
Ontem, os ruralistas quase sofreram uma derrota na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
da Câmara. O presidente da comissão, José Carlos Aleluia (PFL-BA), decidiu colocar em votação
um relatório de sua própria autoria que considera inconstitucional o projeto dos ruralistas.
Alertada a tempo por aliados na
CCJ, a bancada ruralista negociou
com Aleluia o adiamento da votação para a próxima terça.
O parecer diz que dois dispositivos do projeto contrariam a
Constituição: o que cria despesas
para o Tesouro Nacional ao conceder desconto para quem pagar
as parcelas em dia e o que cria
uma comissão para fiscalizar a renegociação das dívidas.
Segundo Aleluia, as duas iniciativas são exclusivas do Poder Executivo. "O Congresso não vai
aprovar um projeto louco. Vamos
pará-lo aqui (na CCJ)", disse.
A bancada ruralista se reuniu
ontem pela manhã na Comissão
de Agricultura para definir a estratégia de atuação na próxima
semana. Deputados que na semana passada estavam à frente do
movimento não foram à reunião.
Setores da bancada acham que
os ruralistas devem partir para o
confronto e outros querem negociar avanços com o governo.
O autor do projeto, deputado
Augusto Nardes (PPB-RS), afirmou acreditar que o texto terá pelo menos 300 votos favoráveis.
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