São Paulo, Sexta-feira, 20 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A VOLTA
Deputado comanda bancada ruralista
"Voltei quente", diz Ronaldo Caiado

da Sucursal de Brasília

free-lance para a Folha

A discussão da renegociação das dívidas agrícolas tirou do ostracismo o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), que vinha tendo uma atuação política apagada desde 1989, quando disputou a presidência da República pelo PDC.
"Voltei quente", afirmou Caiado, dando um murro na palma da própria mão. O deputado ficou nacionalmente conhecido como líder da UDR (União Democrática Ruralista), que combateu as principais iniciativas dos partidos de esquerda em relação à reforma agrária na Assembléia Nacional Constituinte (1987-88).
Depois da Constituinte, Caiado disputou as eleições presidenciais, apresentando-se como um dos principais críticos do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Em um debate, na TV, denunciou o que ele chamou de "escândalo Lubeca".
Caiado disse que a Lubeca dera US$ 200 mil para a campanha de Lula, em troca da aprovação de um projeto imobiliário em São Paulo. A doação teria sido recebida por um funcionário da Prefeitura de São Paulo, do PT.
Polícia, Ministério Público e Justiça Eleitoral concluíram que o PT não se beneficiou do negócio e o STF (Supremo Tribunal Federal ) mandou arquivar o processo.
Para aprovar o projeto que perdoa até 60% dos débitos dos agricultores, Caiado se aliou ao mesmo PT.
Deputado federal pela segunda vez, Caiado vinha tendo uma atuação discreta até a semana passada, quando foi aprovado o projeto de renegociação das dívidas agrícolas. Relator do projeto, assumiu o comando da bancada ruralista.
Médico e produtor rural, tem sido intransigente na negociação com o governo.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha.

Folha - O sr. vê alguma possibilidade de conflito entre ruralistas e sem-terra caso venham a se encontrar na Esplanada dos Ministérios na próxima semana?
Ronaldo Caiado -
Não existe possibilidade de confronto. O movimento é pacífico.

Folha - O presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura ) admitiu alianças táticas entre ruralistas e sem-terra. O que o sr. acha disso?
Caiado -
Vejo como um processo de amadurecimento político no país.

Folha - O sr. está aberto ao apoio do MST aos agricultores e aberto a apoiar o MST?
Caiado -
Já fui vítima de rotulações e não rotulo ninguém.

Folha - O que mudou: os sem-terra, o sr. ou o Brasil?
Caiado -
Não mudou nada.
(LUIZA DAMÉ e VALÉRIA DE OLIVEIRA)

Texto Anterior: Caminhonaço: ACM diz apoiar veto a perdão de dívida
Próximo Texto: Agricultores decidem ficar na Esplanada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.