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A VOLTA
Deputado comanda bancada ruralista
"Voltei quente", diz Ronaldo Caiado
da Sucursal de Brasília
free-lance para a Folha
A discussão da renegociação
das dívidas agrícolas tirou do
ostracismo o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), que vinha tendo uma atuação política apagada desde 1989, quando
disputou a presidência da República pelo PDC.
"Voltei quente", afirmou
Caiado, dando um murro na
palma da própria mão. O deputado ficou nacionalmente
conhecido como líder da UDR
(União Democrática Ruralista), que combateu as principais
iniciativas dos partidos de esquerda em relação à reforma
agrária na Assembléia Nacional Constituinte (1987-88).
Depois da Constituinte,
Caiado disputou as eleições
presidenciais, apresentando-se
como um dos principais críticos do petista Luiz Inácio Lula
da Silva. Em um debate, na TV,
denunciou o que ele chamou
de "escândalo Lubeca".
Caiado disse que a Lubeca
dera US$ 200 mil para a campanha de Lula, em troca da
aprovação de um projeto imobiliário em São Paulo. A doação teria sido recebida por um
funcionário da Prefeitura de
São Paulo, do PT.
Polícia, Ministério Público e
Justiça Eleitoral concluíram
que o PT não se beneficiou do
negócio e o STF (Supremo Tribunal Federal ) mandou arquivar o processo.
Para aprovar o projeto que
perdoa até 60% dos débitos
dos agricultores, Caiado se
aliou ao mesmo PT.
Deputado federal pela segunda vez, Caiado vinha tendo
uma atuação discreta até a semana passada, quando foi
aprovado o projeto de renegociação das dívidas agrícolas.
Relator do projeto, assumiu o
comando da bancada ruralista.
Médico e produtor rural, tem
sido intransigente na negociação com o governo.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha.
Folha - O sr. vê alguma possibilidade de conflito entre
ruralistas e sem-terra caso venham a se encontrar na Esplanada dos Ministérios na
próxima semana?
Ronaldo Caiado - Não existe
possibilidade de confronto. O
movimento é pacífico.
Folha - O presidente da CNA
(Confederação Nacional da
Agricultura ) admitiu alianças
táticas entre ruralistas e sem-terra. O que o sr. acha disso?
Caiado - Vejo como um processo de amadurecimento político no país.
Folha - O sr. está aberto ao
apoio do MST aos agricultores e aberto a apoiar o MST?
Caiado - Já fui vítima de rotulações e não rotulo ninguém.
Folha - O que mudou: os
sem-terra, o sr. ou o Brasil?
Caiado - Não mudou nada.
(LUIZA DAMÉ e VALÉRIA DE OLIVEIRA)
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