VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

Em duas assembléias, os produtores rurais decidiram ontem permanecer na Esplanada dos Ministérios até que seja votado o projeto que prevê descontos em suas dívidas com o Banco do Brasil.
Líderes do movimento defenderam a presença de mais manifestantes em Brasília e atos pelo país, como estacionar colheitadeiras, tratores e caminhões na frente das agências do BB.
À noite, no entanto, começou uma debandada de produtores goianos. "Os agricultores foram em casa passar o fim-de-semana e recarregar as baterias com o compromisso de que cada um vai trazer mais dois na volta", disse João Bosco Umbelino dos Santos, um dos vice-presidentes da Confederação Nacional da Agricultura.
Dos cerca de 8.000 agricultores goianos, só mil devem permanecer na Esplanada a partir de amanhã. No total, 4.000 agricultores de diversos Estados continuam no local. A manifestação dos agricultores, segundo as lideranças, chegou a reunir 15 mil pessoas.
Líderes ruralistas negam que o "descanso" no fim-de-semana vá esvaziar o movimento, mas já procuram atividades para os manifestantes. Uma dupla sertaneja foi contratada para um show e um ator fará apresentações de uma peça no sábado e no domingo.
O Sindicato Rural de Brasília solicitou sugestões de atividades. "Vamos resolver se ficamos jogando baralho, bocha, se improvisamos um campo de futebol e também fazemos churrasco ou soltamos uns boizinhos no parque de exposições", disse Nury Andraus, presidente da entidade e vice-presidente da CNA.
A CNA gastou R$ 12 mil com duas inserções de um anúncio publicitário nos intervalos do "Jornal Nacional", da Rede Globo, anteontem. A propaganda condenava a "mentira" de que os produtores rurais querem "perdão de dívidas" e informava que o pleito é de um recálculo dos débitos, que consideram abusivos.


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