São Paulo, Sexta-feira, 20 de Agosto de 1999
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Dívidas vencidas chegam a R$ 11 bi

da Sucursal de Brasília

O governo calcula em R$ 11 bilhões o valor dos empréstimos a produtores rurais vencidos e não pagos, o equivalente a 34% do valor total da dívida. Esses dados constam de estudo que orientou o comportamento do governo na negociação com os ruralistas.
A taxa de inadimplência, que ultrapassa a terça parte do total do endividamento, só contabiliza as dívidas vencidas há mais de 90 dias e inclui créditos vencidos há mais de seis meses e sem garantias suficientes às instituições financiadoras. O Banco do Brasil concentra a maior parte.
Dos R$ 32 bilhões emprestados aos produtores rurais, uma parcela de R$ 21 bilhões dos débitos estaria ""em situação de normalidade", segundo levantamento do governo. Os ruralistas divulgam um valor de R$ 23 bilhões para a dívida que pretendem renegociar.
Essa última parcela é o principal alvo das medidas anunciadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em resposta à pressão dos ruralistas para terem perdoados até 60% de suas dívidas.
Os mutuários em dia com suas dívidas ganharão um desconto entre 15% e 30%, dependendo do valor do saldo devedor. O desconto maior vale para os produtores com dívidas inferiores a R$ 10 mil.
Independentemente de estarem em dia com os pagamentos, os produtores tiveram as próximas parcelas das dívidas já renegociadas (com vencimento em 1999 e 2000) transferidas para o final do financiamento. Esse benefício será restrito a parte do pagamento para os produtores com saldos devedores acima de R$ 10 mil.
Ainda segundo levantamento feito pelo governo, 90% dos contratos de financiamento foram renegociados em 1995.
Fábio Barbosa, secretário do Tesouro Nacional, disse ontem que o custo da renegociação da dívida agrícola proposta pelo governo será de R$ 287 milhões em 1999.
No ano 2000, segundo Barbosa, os custos para o Tesouro serão de R$ 317 milhões e, em 2001, de cerca de R$ 500 milhões. "Os custos da securitização (renegociação) são expressivos, mas compatíveis com os resultados fiscais que estamos esperando nesses períodos."


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