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FUNCIONALISMO
Integrantes da cúpula do Executivo, Legislativo e Judiciário terão aumentos salariais de até 59%
Novo teto custará R$ 100 mi por ano
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O aumento salarial de até 59%
para os integrantes da cúpula dos
Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, discutido por seus dirigentes, custará aos cofres públicos da União R$ 100 milhões por
ano, segundo cálculo feito a pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O novo teto salarial do funcionalismo público deverá ser fixado
em R$ 12.720, valor pago atualmente a três dos ministros do STF
(Supremo Tribunal Federal) que
prestam serviços temporariamente ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral).
O valor é o mesmo escolhido
pelos presidentes dos três Poderes
em dezembro do ano passado. Na
ocasião, eles acabaram recuando
e adiando uma definição por causa da péssima repercussão do aumento salarial na opinião pública.
A proposta do aumento não ficou menos impopular com o
tempo, mas a pressão dos juízes
por reajustes salariais impõe uma
definição rápida, segundo avaliação do governo.
Por determinação da emenda
constitucional da reforma administrativa, aprovada no ano passado, o novo valor do teto salarial
terá de ser definido por projeto de
lei de iniciativa conjunta dos presidentes da República, do STF, da
Câmara e do Senado. O aumento
não será repassado à maioria do
funcionalismo, com salários congelados desde 95.
Segundo avaliação de interlocutores de FHC, a insatisfação salarial dos juízes já está custando
mais caro aos cofres públicos do
que o reajuste salarial.
Eles atribuem a essa insatisfação
boa parte das decisões judiciais
contrárias a medidas do ajuste fiscal, como as liminares que suspenderam a cobrança da CPMF
(imposto do cheque) e da contribuição de funcionários públicos à
Previdência.
A campanha salarial é comandada pelo presidente do STF, Carlos Velloso.
A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) discutirá hoje
a proposta de greve dos juízes.
Retroativo
O custo anual do reajuste, estimado em R$ 100 milhões, seria
suficiente para construir 25 mil
casas populares.
Esse custo não inclui o pagamento do aumento retroativo a
janeiro do ano passado, garantido
por lei a todos os juízes federais,
com exceção dos juízes classistas
da Justiça do Trabalho, excluídos
do reajuste ""em cascata". Esse pagamento retroativo deverá custar
mais R$ 60 milhões, de acordo
com cálculos feitos pelos juízes.
O percentual do reajuste salarial
dos integrantes da cúpula dos três
Poderes vai variar: deputados e
senadores, que ganham atualmente R$ 8.000 por mês, terão
reajuste de 59%, assim como os
ministros de Estado.
O ex-relator da reforma administrativa e atual assessor especial
de FHC, Moreira Franco, avalia
que os parlamentares não poderão mais receber salários extras
em períodos de convocação extraordinária do Congresso e no
início e no final de cada ano. A resistência em perder até seis salários extras por ano complica a definição do novo teto salarial no
Congresso.
FHC chegou a defender publicamente o valor de R$ 10.800 para
o teto, mas o governo considera
remotas as chances de a proposta
vingar.
Assim que o teto salarial do funcionalismo for regulamentado,
nenhum servidor poderá ganhar
mais do que o valor fixado. A
emenda constitucional prevê redução da remuneração de FHC,
por exemplo, que além do salário
de R$ 8.500 como presidente recebe aposentadoria.
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