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REFORMA AOS PEDAÇOS
Para atender bancadas do Norte e Nordeste, Rio ficaria fora
Planalto negocia restringir fundo
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o objetivo de vencer a rejeição do Senado à reforma tributária, o governo está negociando
alterações no texto para atender
aos interesses dos senadores do
Norte e do Nordeste -contrários
à inclusão, pela Câmara, de benefícios às regiões mais desenvolvidas- e dos governadores que
perderão receita com a cobrança
do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no
destino.
Segundo a proposta, a região
noroeste do Rio de Janeiro deixa
de ser uma das beneficiárias do
Fundo de Desenvolvimento Regional, e a transferência da cobrança do ICMS da origem para o
destino fica adiada até que haja
acordo entre os Estados.
A inclusão do Rio no fundo provocou uma rebelião dos senadores do Norte e do Nordeste e obstrução do PFL e do PSDB das votações em plenário e da tramitação da reforma da Previdência.
Já a questão do ICMS divide senadores de todos os partidos. Dez
Estados irão perder arrecadação
com a passagem da cobrança do
ICMS no destino. O maior foco de
insatisfação está no PFL da Bahia,
Estado que já concede incentivos
fiscais à fábrica da Ford e ainda
perderá receita com a transferência da cobrança do ICMS para os
Estados consumidores.
As mudanças no texto foram
discutidas na reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
com líderes dos partidos aliados,
anteontem, e estão sendo negociadas pelo líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), com a oposição.
Na reunião, Lula defendeu negociação com os governadores
nas duas reformas, tributária e da
Previdência, e disse que não haverá "rolo compressor".
Fundo
No caso do Fundo de Desenvolvimento Regional, Mercadante
afirmou que a idéia é voltar ao
texto original, ou seja, limitar a
aplicação dos recursos às regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste e
a algumas áreas de Minas Gerais e
Espírito Santo que já são beneficiadas pelas superintendências de
desenvolvimento regional.
Está sendo estudada a fixação
de uma parcela dos recursos desse
fundo para aplicação em regiões
"deprimidas economicamente",
que poderiam estar em qualquer
Estado. Mercadante citou, como
hipótese, o percentual de 10%.
O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), afirmou que o partido não concorda com a destinação de mais de 5% a esses "bolsões de miséria" fora das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Lula também se reuniu com a
bancada do PT para tratar das
mudanças na previdênciária.
Foram discutidas três principais
reivindicações da bancada para
mudar o texto: alteração nas regras do subteto salarial dos Estados, flexibilização das regras de
transição e isenção da cobrança
de inativos para uma faixa de aposentados com mais de 70 anos ou
que sejam portadores de doenças.
No subteto, a tendência é que os
governadores tenham a prerrogativa de propor à respectiva assembléia legislativa projeto definindo
um limite salarial para os servidores do Executivo superior ao seu
próprio salário mas inferior à remuneração do desembargador.
Em relação à flexibilização das
regras de transição, há muita resistência do ministro Ricardo
Berzoini (Previdência) e de governadores consultados.
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