DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por ordem do governador de Goiás, Marconi Perillo, foi suspenso o convênio de R$ 38,3 milhões, firmado em agosto, entre o Estado e a Rede Goiana de Microcrédito. Pelo termo celebrado, a organização assumiria a gestão do programa Banco do Povo nos próximos três anos mediante pagamento de até R$ 13,7 milhões (36%) de taxa de administração.
Firmado sem licitação e à revelia do TCE (Tribunal de Contas do Estado), o convênio passará por uma auditoria do órgão. Em nota veiculada ontem em jornais locais, o secretário determina a "interrupção do Termo de Parceria" firmado com a Rede Goiana "até que sejam definitivamente concluídos os esclarecimentos das inverídicas e danosas denúncias assacadas contra o referido ato".
Depois de defender a lisura do convênio, a nota, assinada pelo secretário de Planejamento, José Carlos Siqueira, determina também que a Rede Goiana devolva ao Estado, "imediatamente, a importância repassada com os acréscimos que possa ter". Em julho foram emitidas duas notas de empenho em favor da organização, totalizando R$ 9.600, volume total a ser repassado no primeiro ano, pelos termos do convênio.
No domingo passado, a Folha revelou que, de 21 fundadores (ao todo são 26) da Rede Goiana, 18 têm relações diretas com o governo. Entre elas estão Giuseppe Vecci, secretário de Fazenda, Lúcio Gouthier, assessor particular do governador, e João Furtado Mendonça Neto, procurador-geral do Estado.
Ontem, a Folha deixou seis recados no celular da assessoria de Perillo. Mas não houve resposta até a conclusão desta edição.
Na quinta, em despacho, o presidente do TCE, Frederico Jayme Filho, disse: "Com o dispêndio de recursos públicos de tal monta, quase R$ 14 milhões, por que não democratizar as oportunidades, por que não tornar cristalino o processo de escolha?".
O presidente do Conselho Regional de Economia de Goiás, Marcus de Faria, abriu sindicância para apurar eventual responsabilidade no uso indevido do endereço da entidade, que consta nos estatutos da Rede Goiana como se fosse o da sua sede. Os economistas Osmar de Moura, Veríssimo da Silva e Arlington Teixeira assinam o estatuto como instituidores da organização.
ANDRÉA MICHAEL)


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