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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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BRASIL PROFUNDO

Parlamentares criticaram prisão de Rainha; bancada petista na Câmara divulgou nota defendendo os sem-terra

Radicais do PT atacam Justiça em ato do MST

CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE DA AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP)

O Judiciário foi o alvo das críticas dos parlamentares radicais do PT em manifestações contra a prisão de líderes dos sem-terra, ontem em Presidente Prudente (SP), no Pontal do Paranapanema.
Principais personagens do ato, a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados João Batista Araújo, o Babá (PA), e Luciana Genro (RS) atacaram a instituição.
Luciana Genro disse que há "processo de criminalização" contra o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) por "uma parte do Judiciário corrupta e sem-vergonha". Disse que o juiz que decretou as prisões dos líderes, Atis de Araújo Oliveira, da comarca de Teodoro Sampaio, "não tem moral para ser juiz".
O magistrado condenou a dois anos e três meses de detenção José Rainha Jr., sua mulher, Diolinda Alves de Souza, e Felinto Procópio dos Santos, o Mineirinho, por formação de quadrilha. Babá acusou o magistrado de ser "comprometido com o grande latifúndio". Heloísa Helena disse considerar "desastrosas" as atitudes do juiz.
As declarações foram feitas num ato público realizado em frente à catedral de Presidente Prudente. As manifestações tiveram início com uma marcha de 9,3 km, da qual os parlamentares não participaram. Durante a marcha, eles estiveram na cadeia de Piquerobi, visitando Diolinda, e na penitenciária de Dracena, onde estão Rainha e Mineirinho.
Vestidas de branco e exibindo rosas vermelhas, cerca de 700 acampadas e assentadas da região, segundo a PM, pediam a liberdade dos líderes detidos. No percurso, as sem-terra passaram no fórum local, onde entregaram um manifesto ao Judiciário.
A ministra Emília Fernandes, secretária de Política para Mulheres do governo Lula, esteve no ato e falou sobre reforma agrária: "Todos nós temos consciência da herança que recebemos e precisamos de tempo para que tudo seja feito de forma adequada. Não vamos brincar de reforma agrária".

Nota
A bancada de deputados federais do PT divulgou ontem uma nota em que "manifesta inteira solidariedade" ao MST.
Assinada pelo líder da bancada, Nelson Pellegrino (BA), a nota aponta "setores do Judiciário em estreita ligação com as áreas mais atrasadas do meio rural" e, mais diretamente, o juiz de Teodoro Sampaio como responsável "pelo agravamento das tensões no Pontal". O texto prega uma solução pacífica para a reforma agrária.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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