São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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Antes de depor na CPI, doleiro recua e afirma que não operou para o PT

DA REDAÇÃO

O doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona, recuou sobre as acusações de que havia realizado operações ilegais com dólares para o exterior a pedido do PT. "Eu nunca participei absolutamente, diretamente, de caixa dois do PT, do PSDB ou de qualquer outro partido. Eu não tenho clientes políticos", disse Toninho em entrevista ontem ao "Jornal do Terra", na internet.
À integrantes da CPI dos Correios, em 16 agosto, o doleiro afirmou que sabia de remessas ilegais feitas pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. "Fiz algumas operações para políticos do PT entre 2002 e 2003", afirmou o doleiro no mês passado.
Toninho não havia apresentado provas. As três autoridades citadas negam qualquer envolvimento no esquema.
Na entrevista ao site Terra, o doleiro disse não conhecer Meirelles e que o presidente do BC "merece todo o respeito".
O doleiro disse ainda na entrevista conhecer o perfil dos seus "cinco mil clientes". "Não são políticos. Nas minhas contas nunca passou um centavo de crédito de dinheiro público. Eu sempre procurei ter como clientes pessoas físicas ou jurídicas sabendo da capacidade financeira deles."
Ainda na entrevista, Toninho disse que é um "preso político".

Depoimento hoje
Com a segurança reforçada no Senado, a CPI dos Bingos, ao lado de membros das CPIs dos Correios e do Mensalão, toma hoje o depoimento de Toninho da Barcelona. Ele está preso sob acusação de lavagem de dinheiro.
"Temos a informação de que ele quer falar mais", afirmou ontem o senador Efraim Morais (PFL-PB), presidente da CPI dos Bingos, sem dar mais detalhes. "Vamos ver primeiro os questionamentos [durante a sessão]", disse.
Diferentemente do que ocorreu no depoimento informal à CPI dos Correios em agosto no prédio do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) em São Paulo, Barcelona será ouvido com autorização do juiz corregedor do Departamento de Execuções Criminais, Pedro Paulo Ferronato.
Ao aceitar o pedido da CPI dos Bingos, o juiz determinou que Barcelona fosse escoltado.
O vôo sairá de Curitiba às 7h20 rumo à Brasília, com previsão de chegada às 9h20. Durante o trajeto no avião da Polícia Federal, Toninho estará algemado e escoltado por três agentes, dois da PF e um do Senado.
Ferronato afirmou que autorizou ainda, após a CPI, o depoimento de Barcelona na Justiça Federal em Curitiba, no processo em que é investigado o envio ilegal de dinheiro por meio das contas CC-5 do Banestado, o Banco do Estado do Paraná.
Toninho será o primeiro depoente a ser ouvido em sessão das três CPIs correntes no Congresso.
O retorno do doleiro para Curitiba, onde está preso e à disposição do Ministério Público Federal, deve acontecer assim que o depoimento dele acabar. Mas se o depoimento acabar de madrugada, Toninho irá pernoitar em Brasília, na sede da Polícia Federal.
Não há previsão do retorno de Toninho para a penitenciária de Avaré (SP), onde estava preso anteriormente. Ele foi condenado a 25 anos de prisão.
Eric Vidigal, um dos advogados de Toninho, disse esperar conseguir conversar com seu cliente antes do início do depoimento.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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